Imprensa brasileira: a babá das big techs norte-americanas

(Foto: Peggy und Marco Lachmann-Anke/Pixabay)

Existe um temor na imprensa brasileira. Por aqui, em solo brasileiro, se faz um “copia e cola” do que se diz nos Estados Unidos. Isso mesmo. Tudo o que é pautado na imprensa americana chega ao Brasil como uma forma de release, que quem trabalha em assessoria de imprensa conhece bem. Vem tudo lacradinho e a imprensa brasileira faz um inútil papel de abraçar esse capeta chamado síndrome eterna de vira-lata.

O temor veio com força no que diz respeito à IA da China, DeepSeek. O que criticamos e damos um grito de “salve geral” é devido à desconfiança generalizada a tudo que se refere ao mundo fora do eixo que liga um país sul-americano com o norte-americano.

Quando foi criado o ChatGPT, o que houve foi outro tipo de temor, que versa com os interesses do capital investido por empresas bilionárias e seus bilhões de dólares.

Já em relação à IA Chinesa, se falou no quão nociva, roubadora de dados e espiã ela pode ser. Isso nos remete aos possíveis releases enviados pelas empresas bilionárias, que investiram seus bilhões no desenvolvimento de uma inteligência artificial, e em contraponto uma outra empresa, diga-se essa uma startup chinesa, e seus poucos milhões, que derreteram quase U$ 1 trilhão de dólares em um dia de terror na Bolsa americana.

Pelo que bem parece, a ordem da imprensa brasileira é essa: tudo que vem dos Estados Unidos é confiável, o que se passa fora disso é questionável. E o próximo passo é aguçar o medo na população.

Numa nova era Trump, a imprensa brasileira vai ter que rodar, ousar ficar mais desconfiada, fazer “balizas” mais acertadas, com maior ímpeto para não cair em enrascadas.

Essa nova era Trump – que de nova não tem nada, já vimos esse filme antes – versa sempre com o que fala, dá cambalhotas no ar, e depois desdiz tudo o que foi cuspido antes. 

O falatório da extrema direita é sempre regada ao diz, mas não diz, faz gesto nazista, mas não faz, levanta a mão e abaixa o braço, grita e depois geme baixinho.

A estratégia sempre é a mesma: fala o que quer, virou o clima – deu ruim para eles – volta tudo de onde nunca se ousou sair. É a velha tática do “se colar, colou”.

A ajuda que eles querem e sai muito barato mesmo é a de uma imprensa meramente propagadora de release norte-americano, como a que se faz por aqui. O jornalismo brasileiro há muito tempo faz aquele papel pobre, pífio e medíocre de entrar “na onda” de defender os interesses do capital americano, sem uma mísera ponderação, análise mais profunda do que está por trás desta fumaça nebulosa.

Babá de big techs

Nesta nova roupagem, a imprensa brasileira vive seus dias de babá de big techs norte-americanas. Logo quando nasce uma concorrente no outro lado do mundo, ela se sabota como imprensa e vai correndo fazer matérias alertando e amedrontando a população sobre os perigos de não ser  uma “made in USA”.

Vale ainda ressaltar. Um olho fica aberto enquanto o outro dorme, mas viver batendo continência para seu fulano que está mais ao norte das Américas é baixar demais o nível de raciocínio lógico do que foi dito: “Eles precisam muito mais de nós do que nós deles”.

A imprensa que ama made in USA deve mastigar bem, saborear e deglutir essas palavras e ver como cai dentro do mesmo estômago que engoliu e arrotou o golpe militar de 64. 

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Francisco Julio Bárbaro Xavier  é jornalista, ator e apresentador potiguar. Formado em Jornalismo pela Universidade Potiguar-UnP. Aluno de Linguagens na Fasesp. É Pós-graduado em Comunicação Digital pela UnP.

 

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