Noah Wyle conta por que aceitou voltar ao pronto-socorro em ‘The Pitt’

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Noah Wyle foi a primeira pessoa para quem R. Scott Gemmill ligou quando teve a ideia de fazer a série “The Pitt”, que tem novos episódios disponibilizados todas as quintas-feiras na Max. Os dois já haviam trabalhado juntos no clássico “Plantão Médico” (1994-2009) e não tinham a menor intenção de voltar a trabalhar em um drama sobre profissionais de saúde.

“Na verdade, tudo surgiu de uma conversa que tive com outro roteirista sobre por que eu nunca mais faria um programa médico”, conta Gemmill aos risos. “Depois de listar todas as razões, pensei que talvez houvesse uma maneira de eu conseguir fazer isso de novo.”

No caso, a ideia era voltar ao pronto-socorro, mas mostrar um dia na rotina dos profissionais, da hora que eles entram até a hora que vão embora. Começando às 8h da manhã, cada episódio mostra em “tempo real” o que rola em 60 minutos no setor do hospital responsável pelas emergências.

Se, há mais de 30 anos, Wyle entrou em “Plantão Médico” como o estudante de medicina John Carter -foram 12 temporadas atendendo no seriado médico mais premiado da TV americana, tendo dividido o posto de galã nas primeiras temporadas com George Clooney-, agora ele é o sensível líder da equipe, Michael Robinavitch (ou Robby, como é chamado por todos).

“É como se eu tivesse um sulco na parte de trás do meu pescoço onde ele simplesmente se encaixa”, brinca o ator sobre voltar a usar um estetoscópio em cena. “É raro um artista ter a oportunidade de revisitar algo que foi uma parte tão grande do início de sua carreira e que estava tão enraizado em seus tecidos.”
“Poder tocar esse instrumento novamente, com um pouco de sabedoria e maturidade, e ouvir o tom e como ele mudou ao longo dos anos tem sido realmente gratificante”, avalia.

O ator, no entanto, faz questão de dizer que os dois personagens não têm tanto em comum para além do fato de exercerem a mesma profissão. “Este é um exercício de atuação totalmente diferente”, afirma. “Tem sido uma espécie de exame psicológico de um cara tendo um dos piores dias de sua vida e que precisa estar presente mesmo assim.”

Se o fato de viver outro médico não chegou a ser um fator para ele, o fato de vários profissionais da área ainda o verem como alguém em quem confiar pode ter pesado a favor. Wyle diz que, especialmente durante a pandemia, recebeu muitas mensagens de socorristas em tom confessional falando sobre as dificuldades daquele período. “Há algo acontecendo aqui que provavelmente vale a pena falar novamente”, diz ter pensado.

“Fiquei chocado ao descobrir que este foi o primeiro ano em que não preencheram todas as vagas em medicina de emergência”, comenta. “Nos últimos 30 anos, fomos responsáveis por um grande aumento nas candidaturas, pelo fluxo de dinheiro entrando nessa disciplina e por algumas inovações realmente excelentes que aconteceram. Essa tendência começou a declinar rapidamente após a Covid.”

Ele diz que a situação atual é muito parecida com a que havia quando começou em “Plantão Médico”. “Sabe, quanto mais as coisas mudam, mais elas ficam iguais”, compara. Ele cita que, em 1994, milhões de americanos não tinham plano de saúde e que as emergências eram a primeira fonte de cuidados de saúde para a maior parte da população do país.

“Isso foi parte do que contribuiu para a popularidade do nosso programa, para o quão relevante ele se tornou na época”, avalia. “E aqui estamos, 30 anos depois, falando sobre os mesmos problemas, exceto que os problemas pioraram um pouco.”

“Então, parte de fazer a série, foi para colocar o holofote de novo nessa comunidade e, quem sabe, inspirar a próxima geração de trabalhadores da saúde a querer entrar nesses empregos porque vamos precisar deles”, prossegue. “Nosso sistema é frágil. Tão frágil quanto a qualidade do apoio que damos aos nossos profissionais.”

Além de atuar, Wyle é produtor executivo e até assinou o roteiro de dois episódios da temporada. Ele diz que tem sido uma experiência gratificante conhecer “como a salsicha é feita” e que fica impressionado com o fato de nunca faltarem ideias de novos casos a serem mostrados na série, que conta com um médico de emergências em atividade entre seus consultores.

Também já percebeu que, desde que o “Plantão Médico” reinava absoluto na TV americana, muita coisa mudou no panorama dos dramas médicos, que contam com fãs muito atentos e perspicazes. “O nível de sofisticação do público realmente acelerou nos últimos anos”, afirma.

“As pessoas se tornaram tão familiarizadas com dispositivos narrativos, clichês e padrões”, comenta. “Por respeito a eles, você tem que meio que melhorar a maneira como conta algo, para torná-lo novo, para fazê-lo parecer fresco.”

“THE PITT”
Quando Sete primeiros episódios disponíveis na Max; os demais entram semanalmente, às quintas-feiras
Classificação 14 anos
Elenco Noah Wyle, Tracy Ifeachor, Patrick Ball, Katherine LaNasa, Supriya Ganesh, Fiona Dourif, Taylor Dearden, Isa Briones, Gerran Howell e Shabana Azeez, entre outros.

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