SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, a primeira e única mulher a comandar o país, é uma das figuras mais emblemáticas da América Latina. Advogada de formação, ela já foi deputada, senadora, vice-presidente e comandou a Casa Rosada por dois mandatos.
Ela chegou à Presidência em 2007, sucedendo seu marido, Néstor Kirchner, e foi reeleita em 2011. A peronista tem uma trajetória marcada por polarização, militância política, uma relação conturbada com a imprensa e acusações de corrupção que chegaram à Suprema Corte da Argentina.
O alto tribunal do país confirmou nesta terça-feira (10) a condenação dela a seis anos de prisão no caso conhecido como “Vialidad”, uma investigação de obras públicas na província de Santa Cruz, berço político do casal Kirchner.
Nascida em 19 de fevereiro de 1953, na cidade de La Plata, perto de Buenos Aires, Cristina fez parte da Juventude Universitária Peronista, onde conheceria o futuro marido, Néstor.
Eles se casaram em 1975 e foram viver na província de Santa Cruz, terra natal dele, após o golpe militar.
Os dois acabaram por formar uma das duplas mais icônicas da política recente do país.
Eles tiveram dois filhos, Máximo e Florência.
Cristina ganhou notoriedade nacional na década de 1990 como deputada e senadora. Em 2003, com a eleição de Néstor à Presidência, tornou-se primeira-dama e figura de peso nos bastidores do governo. Ela foi eleita em 2007, dando continuidade ao movimento político chamado “kirchnerismo”.
Seu tempo à frente da Presidência foi marcado por confrontos com a imprensa, protestos de setores da classe média e conflitos com o agronegócio. A peronista criou programas sociais e reestatizou a companhia aérea Aerolíneas Argentinas.
Após deixar o comando do país em 2015, Cristina enfrentou um período de baixa, marcado pelas acusações e e processos judiciais. Quatro anos depois, a peronista anunciou que concorreria à vice-presidência na chapa encabeçada por Alberto Fernández.
A aliança deu certo, e os dois derrotaram o então presidente Mauricio Macri.
Ela também sofreu uma tentativa de assassinato em Buenos Aires, em 2022, quando chegava a sua casa, no bairro da Recoleta. A peronista deixava seu carro para cumprimentar uma multidão quando o agressor, o brasileiro Fernando Sabag Montiel, tentou disparar o revólver a 15 centímetros do rosto dela. A arma falhou.
Sem ocupar um cargo político desde que deixou de ser vice-presidente após o fim do governo de Fernández e a vitória de Javier Milei, em 2023, Cristina havia anunciado neste mês que pretendia disputar uma vaga de deputada nacional.
Com a decisão do Supremo, a presidente do PJ (Partido Justicialista) fica impedida de disputar eleições.