BÁRBARA MARQUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Há pelo menos 20 vacinas contra o vírus H5N1, que provoca a gripe aviária, licenciadas em todo o mundo. Segundo um artigo da Lancet, revista científica de prestígio internacional, os imunizantes têm caráter emergencial e são produzidos em países da Europa, da Ásia e Oceania (Austrália).
A maioria demonstrou ser eficaz contra a nova cepa do vírus, descoberta em 2024. Os 20 foram considerados seguros pelas agências reguladoras de saúde de seus países, com dados clínicos de pelo menos 32 mil pessoas, incluindo crianças, adultos saudáveis, idosos e pessoas com comorbidades.
Apenas a Finlândia implementou um programa de vacinação para grupos de risco da doença. A consulta da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o uso de imunizantes contra uma possível pandemia de gripe aviária foi realizada em setembro de 2024, com base em dados públicos e informações informais.
A publicação da Lancet também destaca que, apesar da maioria dos casos humanos registrados até agora nos Estados Unidos serem leves, o vírus pode sofrer mutações rapidamente. A principal estratégia de prevenção para reduzir os efeitos da doença ainda é a vacina.
PRODUÇÃO DAS VACINAS
Segundo a publicação, as vacinas são produzidas de duas formas: cerca de 80% utiliza vírus inativado proveniente de ovos de galinha. Há também os imunizantes feitos com H5N1 atenuado por meio de culturas de células.
Mesmo que uma eventual escassez de ovos limite a produção, as vacinas com base em cultivo celular podem ser alternativas.
Todas as vacinas seguem o esquema de duas doses. Dez imunizantes são indicados tanto para crianças a partir de seis meses quanto para adultos com 65 anos ou mais.
A maioria das vacinas tem adjuvantes, substâncias que potencializa o efeito principal do imunizante contra a gripe aviária. A combinação demonstrou maior eficácia e economia na quantidade de antígenos-responsáveis pela proteção contra a doença- utilizados.
POSSÍVEIS REAÇÕES
As reações adversas mais comuns provocadas pelas vacinas variam de leves a moderadas.
Os sintomas incluem dor no local da aplicação, fadiga e dor de cabeça. Em crianças, os efeitos mais frequentes são febre, irritabilidade e alterações no apetite.
Vacinas com adjuvante tendem a causar mais reações locais, mas elas foram consideradas seguras para os públicos indicados. Não há registros de reações graves. De acordo com a Lancet, ainda há poucos dados sobre segurança para gestantes, lactantes e pessoas com doenças preexistentes.
A GRIPE NO BRASIL
Os países onde as vacinas estão licenciadas foram produzidas são Reino Unido, Japão, Coreia do Sul, Austrália, França, e China. No Brasil, o Instituto Butantan aguarda autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar os estudos clínicos para o desenvolvimento de uma vacina.
Segundo a Lancet, como a equidade é um ponto central para combater uma possível pandemia, a OMS assegurou 11% da produção global de vacinas para países em desenvolvimento. A distribuição deve ser feita conforme o risco e a necessidade.
Cientistas alertam que a doença pode se tornar a próxima pandemia, e que os Estados Unidos já ultrapassaram o “ponto de virada” devido à vigilância falha. O vírus circula há meses e foi detectado no Brasil em uma granja comercial no Rio Grande do Sul no dia 16 de maio. O estabelecimento produzia ovos férteis para produção de frango no estado.
Anteriormente, o vírus havia sido encontrado apenas em aves silvestres migratórias e em aves de subsistência. A detecção teve um impacto imediato nas exportações de frango brasileiras. A China, União Europeia e Argentina suspenderam as importações do produto.