Brasil é convidado a presidir grupo na ONU sobre criação de Estado palestino

RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado para copresidir um dos grupos de trabalho de uma conferência internacional na ONU (Organização das Nações Unidas) que, em junho, discutirá uma solução para a crise no Oriente Médio que envolva a criação de um Estado da Palestina.

De acordo com o Itamaraty, o Brasil foi convidado por França e Arábia Saudita, os dois países que lideram a “Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados”. Brasília deve copresidir um grupo de trabalho que tem como tema a “promoção do respeito ao direito internacional para a implementação da solução de dois Estados” -o país dividirá o comando dos trabalhos com o Senegal.

“Os oito grupos de trabalho convocados pelas copresidências da Conferência como parte do processo preparatório, assim como a Conferência propriamente dita, são abertos a todos os Estados-membros e a representantes do sistema ONU, incluindo programas, fundos, agências especializadas e comissões regionais, além das instituições de Bretton Woods”, disse o Itamaraty, em nota.

“Todos os estados-membros da ONU estão sendo consultados simultaneamente pelos oito grupos de trabalho e participarão dos trabalhos de forma voluntária. Não há ainda definição sobre quais países vão participar dos grupos. A Conferência ocorrerá em junho próximo”.

A realização da conferência foi aprovada pela Assembleia-Geral da ONU em dezembro de 2024.

Na ocasião, a resolução foi aprovada com 157 votos favoráveis, incluindo do Brasil, e 8 contrários (Argentina, Hungria, Israel, Micronésia, Nauru, Palau, Papua Nova Guiné e Estados Unidos), além de 7 abstenções (Camarões, República Tcheca, Equador, Geórgia, Paraguai, Ucrânia e Uruguai).

O Brasil tem uma posição histórica de defender uma solução de dois Estados: Israel e Palestina.

Israel está sob forte pressão internacional por causa da guerra na Faixa de Gaza, onde o número de palestinos mortos desde o início do conflito ultrapassa 50 mil, segundo o Hamas.

Vários países aumentaram, na segunda-feira (19), a pressão sobre Israel devido aos ataques em Gaza. Em nota conjunta, Reino Unido, França e Canadá, os dois primeiros integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU, ameaçaram adotar “medidas concretas” caso Tel Aviv não cesse “ações escandalosas” no território.

A conferência internacional tende a elevar a pressão diplomática contra Israel. No entanto, a admissão de novos membros na ONU depende do aval do Conselho de Segurança, onde os Estados Unidos, aliados de primeira hora de Israel, detêm poder de veto.

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