JOSUÉ SEIXAS
MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS)
A Polícia Civil de Alagoas indiciou Eduarda Silva de Oliveira, 22, mãe da bebê Ana Beatriz de Oliveira, sob suspeita de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e comunicação falsa de crime.
A recém-nascida foi encontrada morta na casa da família em Novo Lino, interior do estado, em abril. Inicialmente, a mãe afirmou que a bebê havia sido sequestrada por um grupo armado. Depois, ela mudou a versão pelo menos cinco vezes, de acordo com as investigações.
Em depoimento gravado no dia 15 de abril, Eduarda, segundo a polícia, confessou ter sufocado a filha com uma almofada e colocado o corpo em um saco plástico, depois escondido em um armário com materiais de limpeza na residência, onde posteriormente foi encontrado.
Ela foi presa em flagrante e a Justiça converteu a prisão em preventiva (sem prazo). Atualmente, Eduarda está no presídio feminino da capital alagoana, em cela separada.
O corpo da recém-nascida foi localizada após o pai da criança, Jaelson da Silva Souza, 25, e o advogado da família convencerem a mãe a revelar onde ela havia escondido a bebê.
A defesa afirma que ela pode estar com depressão pós-parto.
De acordo com a polícia, o crime não foi enquadrado como infanticídio porque ainda não há elementos técnicos, médicos ou psicológicos que justifiquem essa possibilidade, já que não houve conclusão de laudo pericial que comprove a perturbação psíquica no estado puerperal.
As investigações seguem para esclarecer se houve participação de terceiros na ocultação do corpo ou em outro momento do crime.
Conforme os laudos do IML (Instituto Médico Legal) e IC (Instituto de Criminalística), o estado de conservação do corpo da bebê não era compatível com os quatro dias em que teria permanecido no armário, o que indica que o cadáver poderia ter sido manipulado ou mantido temporariamente em outro local, sob condições de refrigeração ou conservação artificial, antes de ser encontrado.
OS DEPOIMENTOS
Segundo a polícia, Eduarda contou em depoimento que, no dia do crime, a bebê acordou e foi amamentada. Em seguida, Ana Beatriz começou a chorar e a mãe colocou uma almofada no rosto dela, no sofá da sala.
“Foi uma almofada e um lençol. Foi tarde da noite. Depois, botei ela na bolsa [uma sacola] branca, depois uma preta. A primeira muito grande, que eu tinha comprado umas coisas para ela de enxoval, e a segunda era uma pequena. Acho que enrolei [com a primeira] e a outra, amarrei”, contou no depoimento, de acordo com a polícia.
No início, a mãe havia dito que a bebê tinha se engasgado. “Primeiro, eu tinha dito que ela tinha engasgado e aí levei eles [os investigadores] até onde ela estava guardada. Eles abriram e viram que ela estava lá, perto da pia, numa cômoda”, disse Eduarda. Depois, foi questionada sobre como a filha morreu.
“Eu botei o travesseiro por cima dela. Estávamos eu, ela e meu filho [de 5 anos]. Foi de noite. Só não lembro se foi na quinta ou na sexta.
Acho que foi na madrugada da sexta.”
Eduarda disse que não conseguiu dormir naquela noite e que pensou em se matar, além de ter se arrependido do que tinha feito. Ela reiterou que não sabia o motivo de ter matado a bebê e que sentia amor por ela.
“Eu voltei ao armário para tirar ela de lá, mas aí não tinha como. Ela já tinha realmente falecido. Depois, coloquei ela no mesmo canto”, afirmou.
Segundo ela, o corpo da bebê ficou no armário daquele momento até a data em que foi encontrado. Ela disse que não teve ajuda para ocultá-lo e que a mãe dela lavou roupas e não percebeu. O marido, ainda conforme o relato, só soube do crime quando o corpo foi encontrado.
Em depoimento na mesma data, Jaelson afirmou, segundo a polícia, que pediu para que a esposa dissesse a verdade sobre o crime enquanto estavam na casa de um tio dele. Primeiro, ela admitiu que a filha estava morta e, em seguida, deu a localização.
“Quando eu abri a porta, já senti o mal cheiro. Já saí em desespero. Eu vi uma mochilinha preta, com um odor. Não [tirou do local]. Já saí chorando e vim direto para aqui, para o Cisp [Centro Integrado de Segurança Pública]. Depois, eu pedi para olhar minha filha, porque nunca tinha visto ela pessoalmente”, disse.