SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)
Um delegado da Polícia Civil de Pernambuco atirou na perna de um homem desarmado durante uma discussão entre os dois, na madrugada desta segunda-feira (5), durante uma festa no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha (PE).
Discussão entre delegado e ambulante teria sido motivada por ciúmes. Testemunhas relataram que o delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz ficou incomodado após o ambulante ter, supostamente, olhado para a mulher que o acompanhava na festa.
Delegado foi ouvido no Recife, mas não ficou preso. A Corregedoria instaurou um procedimento preliminar para investigar a conduta do agente, informou em nota a SDS (Secretaria de Defesa Social) de Pernambuco.
Imagens de câmeras mostram que o delegado espera em pé em uma área pelo ambulante Emanuel Apory. Quando a vítima se aproxima, o agente vai até ele, o encurrala, aponta o dedo, coloca a mão no peito dele e o empurra. Na sequência, o ambulante parte para cima do delegado, que saca a arma e atira na perna da vítima. Após atirar, o delegado sai de cena. A vítima cai no chão, consegue se levantar e, mancando, foge do local.
Apory está estável no em uma UTI no Recife. Vítima foi levada para a capital pernambucana após dar entrada no Hospital Lucas, em Noronha.
Associação defendeu o delegado. Segundo a Adeppe (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco), Queiroz abordou o ambulante por causa do “comportamento reiterado de perseguição/importunação contra sua companheira”. O órgão alega que Apory, “mesmo ciente da condição funcional do delegado e do fato de ele portar arma de fogo, deu início a violentas agressões físicas, demonstrando a intenção de desarmar, o que configurava grave risco à integridade física do agente”.
Adeppe não comentou que o delegado abordou o ambulante de forma violenta antes de a vítima revidar. O órgão afirma que Queiroz foi alvo de uma “agressão injusta”, por isso ele reagiu “com um único disparo, com o objetivo de cessar a agressão e preservar vidas”. Ainda, afirma que o fato de o tiro ter sido na perna “demonstra o preparo técnico e o equilíbrio emocional do policial que agiu para neutralizar a ameaça com o menor dano possível, impedindo que sua arma fosse subtraída”.
Defesa de Queiroz replicou a posição da Adeppe. Para a associação, o delegado se identificou e recolheu a arma, “gesto que evidencia sua intenção de evitar qualquer confronto”.
Por meio de nota, o Forte Noronha disse “lamentar profundamente o ocorrido”. Ainda ressaltou que o delegado tinha “autorização legal para porte de arma de fogo” no local, e afirma ter prestado socorro à vítima e aos familiares de Apory.
Moradores de Fernando de Noronha protestaram contra a violência sofrida por Apory. Parte da população da ilha ateou fogo em pneus e madeiras na BR-363.