No mundo atual, onde a linha entre o íntimo e o tecnológico é cada vez mais tênue, o novo thriller “Drop: Ameaça Anônima” encontra seu espaço com uma proposta curiosa: e se um simples primeiro encontro se tornasse palco de uma ameaça invisível, orquestrada a partir da palma da mão? Dirigido por Christopher Landon, o filme se apresenta como uma mistura entre paranoia cibernética, jogos de manipulação e um toque inusitado de romance, tudo ambientado em um restaurante elegante que logo se torna uma armadilha sensorial.
A protagonista, Violet (Meghann Fahy), é uma mãe viúva que decide dar uma nova chance ao amor com Henry (Brandon Sklenar), um fotógrafo sedutor com quem vinha trocando mensagens online. Acompanhamos sua preparação para esse encontro com a ajuda da irmã Jen (Violett Beane), e tudo parece caminhar para um drama romântico leve, até que os primeiros sinais de que algo está muito errado começam a surgir por meio de mensagens misteriosas via AirDrop. As imagens inofensivas logo dão lugar a comandos perturbadores: obedeça ou sua família pagará o preço.

A tensão construída por Landon é sutil no início, mas rapidamente se intensifica à medida que Violet se vê obrigada a desempenhar papéis dentro de uma narrativa alheia, como uma marionete sob vigilância constante. O restaurante onde tudo acontece — inteiramente criado para o filme — vira um cenário claustrofóbico e labiríntico, com personagens coadjuvantes que transitam entre o caricato e o ameaçador. A brincadeira de “quem é o invasor?” assume um papel central, lembrando o espectador de que, com tecnologia, o perigo pode estar a centímetros de distância.
Landon usa bem os recursos visuais para manter o público imerso: as mensagens surgem projetadas no próprio ambiente, o que evita o didatismo dos cortes para a tela do celular e confere fluidez à narrativa. O filme flerta com o exagero, mas abraça esse tom com tanto controle que o resultado é uma experiência envolvente e, por vezes, divertida — mesmo quando o absurdo bate à porta. As repetições no roteiro, como as tentativas frustradas de Violet de buscar ajuda, acabam sendo compensadas pelo uso criativo da linguagem visual e pela performance intensa da protagonista.

O maior trunfo de “Drop” talvez seja a forma como costura suas camadas emocionais no meio da ação. Há uma vulnerabilidade latente em Violet que vai além da ameaça imediata. A história ganha profundidade ao abordar seu passado de abusos e o impacto que isso tem em sua maneira de se relacionar com o mundo. Henry, por sua vez, não é apenas o interesse romântico idealizado: sua própria bagagem emocional amplia a conexão entre os dois, elevando o filme para além do simples suspense.
Apesar de um terceiro ato mais acelerado e repleto de conveniências típicas do gênero, o longa não perde sua essência: no fim, o que está em jogo é menos o mistério do vilão e mais a possibilidade de duas pessoas feridas se reconectarem com a vida — e com o amor. Isso dá ao filme uma tonalidade inesperada, que mistura adrenalina e doçura sem parecer forçada.


Conclusão
“Drop: Ameaça Anônima” é, no fim das contas, um thriller pop bem embalado, que se permite brincar com a forma e os clichês enquanto entrega uma história com peso emocional real. É como um encontro às cegas com o perigo: imprevisível, instigante e, surpreendentemente, com potencial para algo mais.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Christopher Landon;
Roteiro: Jillian Jacobs, Chris Roach;
Elenco: Meghann Fahy, Brandon Sklenar, Violett Beane, Jacob Robinson, Ed Weeks;
Gênero: Suspense;
Duração: 100 minutos;
Distribuição: Universal Pictures;
Classificação indicativa: 14 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z