Presidente da COP30 lamenta exclusão de quilombolas de carta da conferência

andré aranha corrêa do lago

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O embaixador André Corrêa do Lago lamentou nesta segunda-feira (31) a exclusão dos quilombolas do documento que reúne as propostas da presidência da COP30, conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas) que será realizada em Belém em novembro.

Em entrevista ao programa Roda Viva, na TV Cultura, o presidente da COP30 admitiu que faltou a presença dos quilombolas na carta com as propostas.

“Lamento muito que tenha faltado”, disse. “Temos que conversar com eles, inclusive para assegurar que a participação deles seja reconhecida como legítima.”

“Racismo ambiental”, “invisibilidade climática” e “desrespeito pela sabedoria ancestral” foram algumas expressões usadas por organizações do movimento negro para criticar o documento.

Para a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) e o Geledés – Instituto da Mulher Negra, falta representativa negra na construção da cúpula, que será realizada pela primeira vez na amazônia, reunindo representantes de mais de 190 países no Pará.

Corrêa do Lago afirmou, na entrevista nesta segunda, que a participação dos quilombolas e dos povos indígenas será a grande diferença do Brasil em relação a outros países que organizam a COP.

O presidente da conferência no Brasil disse ainda que os povos das florestas têm uma legitimidade subestimada e precisam ser mais ouvidos.

“Estão há milênios integrados na natureza e conseguem, ao mesmo tempo, ter a sua cultura, a sua tradição, a sua forma de vida, sem desequilibrar os ecossistemas”, afirmou.

Corrêa do Lago citou a questão ética levantada pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente) na defesa do enfrentamento às mudanças climáticas.

“Hoje nós temos muito mais informações [sobre as mudanças no clima] e a sociedade tem que se movimentar de maneira muito mais rápida”, defendeu. “Há uma dimensão ética que é muito importante ser levantada e ela se integra com uma maior participação dos povos das florestas, dos quilombolas e de todos que tiveram os seus modos de vida interrompidos por um tipo de economia que não os levava em consideração.”

O projeto Excluídos do Clima é uma parceria com a Fundação Ford.

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