DF tem alto registro de golpes de anúncios falsos de aluguel

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Por Maiara Marinho
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Entre 2022 e 2023, o Distrito Federal registrou 503 casos de golpes envolvendo anúncios falsos de aluguel. Os golpistas utilizam imagens de imóveis anunciados em outras plataformas ou de casas e apartamentos que não podem ser localizados pelas vítimas. Apesar da dificuldade em identificar os criminosos, especialistas afirmam que é possível encontrá-los e recuperar os valores.

Os dados, disponibilizados pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), referem-se ao ano de 2022 e ao período de janeiro a abril de 2023. Ao Jornal de Brasília, a PCDF informou que os dados de maio a dezembro de 2023 e do ano de 2024 ainda não foram compilados e, por isso, não estavam disponíveis.

As regiões administrativas com maiores índices de golpes de aluguel falso foram o Plano Piloto, Ceilândia, Guará e Águas Claras. Já as com menores índices foram Fercal, SIA, Itapoã, Varjão e Lago Sul. No período divulgado, foram registrados 67 golpes no Plano Piloto, 46 na Ceilândia, 56 no Guará e 52 em Águas Claras. Nas regiões com menor incidência, os casos registrados ficaram abaixo de 1%. Nas demais, o índice variou entre 1% e 7%.

Golpe de aluguel falso no Gama

Em setembro de 2023, a família de Sofia Rodrigues, 25 anos, musicista e designer, estava à procura de uma casa para alugar no Gama. Após algum tempo de busca, acompanhando anúncios na cidade e em imobiliárias, encontraram no site da OLX um anúncio do mesmo imóvel que já haviam consultado em outro local, mas por um preço menor. Acreditaram se tratar do proprietário da casa.

“Pensamos que se tratava do dono do imóvel, que, insatisfeito com o anúncio da casa parado há semanas no site, havia decidido alugar sem o auxílio de terceiros por um preço um pouco mais em conta”, contou Sofia.

Eles então entraram em contato com o anunciante e marcaram uma visita ao imóvel. Acompanhados por uma mulher que estava com todas as chaves da casa e que dizia ser filha do proprietário, realizaram a visita. “Como era uma casa muito boa, o homem nos pediu uma entrada para garantir a locação do imóvel e, movidos pela ansiedade, acabamos fazendo o depósito”, relatou Sofia.

Após enviarem o dinheiro, referente a um mês de aluguel como entrada para garantir a locação, o homem mudou o tom da conversa e logo em seguida assumiu o golpe. “Eu não lembro exatamente o que ele disse porque ele estava em contato com o meu pai, mas ele riu e disse que não ia dar em nada. E acertou, infelizmente”, comentou a musicista.

Mesmo com o Boletim de Ocorrência (BO) e a denúncia da conta do golpista na plataforma da OLX, nenhuma solução foi encontrada. No dia seguinte à denúncia, o homem desativou a conta na plataforma, e o BO não teve resultado. Diante da situação, Sofia e a família decidiram permanecer na casa onde já moravam.

“O aluguel aqui é um pouco pesado para o nosso bolso, mas não temos dores de cabeça com nada relacionado ao proprietário do imóvel ou à imobiliária, além da casa ter uma boa estrutura. Eu ainda olho os anúncios de aluguel na região de vez em quando, mas nada tem me chamado a atenção”, contou a jovem.

Após o ocorrido, a família ficou mais atenta. “Logo depois que entendemos que havíamos caído em um golpe, conseguimos apontar diversos detalhes no mínimo suspeitos em relação ao ocorrido. O principal aprendizado foi não realizar entradas para garantir o aluguel de imóveis. Aprendemos que nenhuma quantia de dinheiro deve ser depositada antes que um contrato seja assinado”, finalizou.

Especialista explica como escapar de golpes

De acordo com Ilmar Muniz, 38 anos, advogado e professor de Direito, essa época do ano, em que muitas pessoas viajam, é muito comum a ocorrência de crimes desse tipo.

“Na esperança de conhecer o DF, um grupo de paulistas iniciou uma tratativa com uma pessoa que se dizia corretora de imóveis e que conheceram na internet. Essa pessoa estava intermediando uma casa no Lago Norte para eles ficarem, por um preço super atrativo. No final, ao chegarem ao local, perceberam que a entrada para segurar a casa foi para um golpista e o imóvel não existia”, contou o advogado, que atendeu o caso na fase inicial.

“Eu acompanhei na fase de inquérito ajudando a juntar as documentações e requerimentos para autoridade policial. Tive conhecimento que foram denunciados uma mulher que emprestou a conta para receber a caução e o marido dela”, relatou.

Para ele, a maior dificuldade é a identificação do criminoso, já que geralmente a pessoa utiliza contas de terceiros (laranjas) para receber os valores e mantém contatos falsos. No entanto, na avaliação do profissional, com uma boa investigação é possível encontrar os envolvidos no crime e recuperar os valores.

Para evitar cair em golpes como esse, o advogado diz que o primeiro passo é desconfiar de ofertas maravilhosas e muito acima da média, além de dar preferência a canais oficiais, como aplicativos de locação e imobiliárias. Caso haja interesse por um imóvel, é recomendável contratar um advogado ou corretor para ajudar na negociação e verificar se o local realmente existe.

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