Homens diziam estar possuídos e abusavam de adolescentes de igrejas evangélicas durante ‘ritual’ no ES


Suspeitos de 18 e 19 anos também diziam que, ao terem relações sexuais com eles, as vítimas estavam se sacrificando para que eles não piorassem. Caso aconteceu em Cariacica, na Grande Vitória. Sede da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em Vitória
Reprodução/Polícia Civil
Três homens de 18 e 19 anos foram presos pela polícia do Espírito Santo por abusarem sexualmente de adolescentes de igrejas evangélicas de Cariacica, na Grande Vitória. Segundo a investigação, eles diziam estar possuídos e obrigavam as vítimas a terem relações sexuais durante um ritual, alegando que elas precisavam se “sacrificar” para que eles não piorassem e nem matassem seus familiares.
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As prisões foram feitas pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) do Espírito Santo e divulgadas na manhã desta quinta-feira (2), em Vitória. Até agora, foram identificadas nove vítimas, mas outras quatro ainda estão sendo apuradas.
Segundo a Polícia Civil, os crimes começaram a ser praticados no final de 2023. Os homens passavam a frequentar as igrejas evangélicas da cidade. Eles não eram pastores, mas participavam das pregações, de grupos de orações e cantavam. Com isso, eles conseguiam a confiança dos adolescentes e de seus familiares que também participavam dos cultos.
“Depois que eles conseguiam a confiança da família, eles começavam a fazer grupos de oração só com jovens entre 13 e 18 anos das igrejas. Pelo WhatsApp, eles marcavam os encontros, que não aconteciam nas igrejas, mas na casa de uma adolescente de 17 anos, que também era envolvida nos crimes, e nas casas dos autores”, explicou a delegada adjunta da DPCA, Gabriella Zaché.
Com o tempo, um dos suspeitos começou a dizer que recebia entidades malignas e passou a obrigar que os adolescentes mantivessem relações sexuais.
“Os suspeitos ameaçavam as vítimas com facas e pedaços de paus. Eles falavam que estavam possuídos e que isso seria um ritual. Se os adolescentes não tivessem relações sexuais, eles ficariam piores e iriam matar a família das vítimas. Era como se fosse um sacrifício feito pelas vítimas pelo bem dele”, contou a delegada.
Segundo a polícia, eles usavam o nome de Deus e a fé desses jovens que iam nas igrejas.
“Um deles chegou a dizer que tinha o capeta no corpo. Eles usavam até violência e obrigavam a ter relações sexuais, inclusive ameaçavam as vítimas dizendo que se eles negassem, matariam os pais e parentes delas. Eles também faziam os adolescentes se cortarem como se fosse um castigo. Também pediam fotos nuas às vítimas”, disse Gabriella Zaché.
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Em outubro de 2024, os familiares descobriram os abusos sexuais. Eles perceberam mudanças nos comportamentos dos filhos. Nos celulares das vítimas, os pais também viram mensagens enviadas nos grupos criados pelos suspeitos.
“Eles ficaram em choque por serem membros da igreja. As vítimas também ficaram em choque e não contavam porque eram ameaçadas o tempo todo. Em outubro passado, seis pais procuraram a delegacia e fizeram a denúncia”, reiterou a delegada.
As informações só foram divulgadas agora porque a última prisão foi feita no domingo (29). Ele não resistiu e confessou os crimes, segundo a polícia. Os três presos não tinham passagens pela polícia anteriormente. Celulares também foram apreendidos.
Segundo a Polícia Civil, pelo menos três crimes foram identificados nesse caso: estupro (com uso de violência para manter relações sexuais), induzimento à automutilação e armazenamento de fotos de adolescentes.
Uma adolescente de 17 anos também está envolvida nos crimes. Ele é namorada de um dos homens. Os abusos também aconteciam na casa da mãe dela, que estava vazia após ela ter morrido recentemente. Ela também ameaçou as vítimas depois que os suspeitos foram presos, mas segue em liberdade. Segundo a polícia, a justiça entendeu que não há motivos para ela ser apreendida.
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