31% das brasileiras desconhecem fatos essenciais sobre o câncer de mama

Um estudo conduzido pelo Instituto Natura revelou que 31% das brasileiras com mais de 18 anos desconhecem aspectos fundamentais sobre o câncer de mama. A pesquisa, realizada com mulheres entre 18 e 70 anos, destaca que o nível de informação sobre a saúde das mamas varia conforme escolaridade, raça, renda e o tipo de sistema de saúde utilizado, revelando desigualdades preocupantes no acesso ao conhecimento e cuidado com a saúde feminina.

A análise do Instituto Natura, que incorporou o Instituto Avon em julho deste ano, indica que entre as mulheres sem escolaridade ou com apenas o ensino fundamental incompleto, 49% desconhecem informações essenciais sobre saúde mamária. Esse índice cai para 15% entre aquelas com ensino superior completo. Além disso, o estudo revela que, nas classes econômicas mais altas, 34% das mulheres têm conhecimento adequado sobre o tema, enquanto, nas faixas de renda mais baixas, o percentual não ultrapassa 15%.

Segundo Daniela Grelin, Diretora Executiva de Direitos e Saúde das Mulheres do Instituto Natura, “é crucial que as políticas públicas e campanhas de conscientização sejam orientadas pela equidade para reduzir essas disparidades, garantindo que todas as brasileiras tenham acesso à informação e ao atendimento adequado”. A pesquisa ainda destaca diferenças raciais: 33% das mulheres brancas possuem conhecimento considerado adequado, enquanto esse número cai para 24% entre mulheres negras ou pardas. Entre as usuárias do SUS, o índice de conhecimento chega a apenas 25%, frente aos 38% de usuárias do sistema privado.

O estudo também evidenciou o impacto do conhecimento sobre a doença na realização de exames preventivos. Segundo o Panorama do Câncer de Mama, as mamografias aumentaram 5,7% em 2023 em comparação a 2019, uma recuperação tímida após a queda durante a pandemia. Atualmente, a cobertura de mamografias no Brasil está em 23,4%, um número ainda distante dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

A conscientização sobre a idade mínima para a realização da mamografia também preocupa: 24% das mulheres pesquisadas acreditam que o exame preventivo deve começar antes dos 40 anos, embora a indicação correta seja para faixas etárias mais elevadas, exceto em casos específicos.

Daniela reforça a importância das campanhas de Outubro Rosa para fomentar o conhecimento entre as mulheres. “Essas iniciativas são essenciais para que a informação chegue a todas as camadas da sociedade e, com base em dados, podemos criar campanhas mais eficazes”, explica. Ela também salienta a relevância do autoexame, mas esclarece que ele não substitui a mamografia como método de diagnóstico.

Por meio do Índice de Conscientização do Câncer de Mama, o Instituto Natura busca fortalecer a ação dos gestores públicos e da sociedade civil na implementação de políticas que garantam a todas as mulheres brasileiras, independentemente de sua condição socioeconômica, acesso ao conhecimento e à saúde.

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