Criança fica à deriva em bolha aquática em Ubatuba (SP)

bolha aquática

JOÃO FEZA
SANTOS, SP (FOLHAPRESS)

Um menino de oito anos precisou ser resgatado com auxílio de um cabo de aço após ficar à deriva no mar numa bolha aquática inflável na Praia do Lázaro, em Ubatuba, no litoral norte paulista, na última terça-feira (24).

Três ocupantes de uma lancha viram a criança se debatendo dentro da bolha e conseguiram puxá-la antes mesmo que o GBMar (Grupamento de Bombeiros Marítimo), acionado por testemunhas, precisasse intervir. O menino foi entregue aos pais sem ferimentos.

A reportagem aguarda resposta da Prefeitura de Ubatuba sobre a legalidade da prática e se a bolha havia sido alugada ou pertencia aos familiares.

“É uma moda que vem do Rio de Janeiro e é muito perigosa. A cada três mortes por afogamento, uma começa com o uso de objetos flutuantes”, alerta a capitão Karoline Burunsizian, do GBmar. “Esses objetos passam uma falsa sensação de segurança, mas isso não é uma realidade”.

Ela acrescenta que a criança já estava a mais de 200 metros da costa e que qualquer furo poderia fazer a bolha afundar sem que os responsáveis sequer tivessem tempo de perceber. “A orientação é: não utilize objetos flutuantes, o que inclui colchões infláveis, inclusive em piscinas.”

O GBMar registrou 101 mortes por afogamento entre 1 de janeiro e 26 de dezembro deste ano em sua área de abrangência, que inclui quatro subgrupamentos de 13 municípios litorâneos paulistas: Guarujá, Santos, São Vicente, Bertioga, Praia Grande, Mongaguá, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilha Bela, Ubatuba, Itanhaém, Peruíbe e Ilha Comprida.

No mesmo período, 3.436 vítimas foram salvas em emergências marítimas na região. Cerca de 70% das vítimas (salvas e fatais) são turistas de São Paulo capital e Grande São Paulo.

A temporada de férias, até o final de janeiro de 2025, deve atrair mais de 4 milhões de visitantes ao litoral paulista e movimentar cerca de R$ 9,6 bilhões, segundo a Secretaria Estadual de Turismo e Viagens.

Em 2023, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, um casal ficou à deriva numa bolha semelhante e precisou ser salvo pelos bombeiros. Lá, onde a prática é ilegal, o brinquedo era alugado a banhistas por ambulantes, segundo mostrou reportagem da Folha de S.Paulo.

Depois do incidente, duas bolhas chegaram a ser apreendidas por guardas municipais após flagrante de um homem que exibia o material flutuante na água preso a uma corda.

Porta-voz do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro desde 2022, o major Fabio Contreiras alertou, na época do resgate, que o zíper da bolha só funcionava do lado de fora e que, por conta disso, o usuário não conseguiria abrir por dentro numa situação emergencial.

Outro perigo é uma asfixia na hipótese de uso prolongado porque o ar dentro da bolha é limitado. Um risco adicional é o artefato furar se tiver contato direto com algo sólido -como madeira, pedra, prancha ou embarcação.

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