Os 5 melhores filmes de terror de 2024

Sabendo que Nosferatu de Robert Eggers só irá estrear no dia 5 de janeiro nos cinemas brasileiros, e que não há perspectiva de lançamento em VOD fora do país até então, acho que já é possível opinar sem grandes erros sobre quais foram os melhores filmes de terror de 2024 – ano em que, diga-se de passagem, tivemos longa bem interessantes do gênero.

Dá para dizer que tivemos de tudo (ou pelo menos quase tudo) dentro do terror em 2024. Teve continuação de franquia do gênero, filme autoral de nepobaby do horror, terror com crítica social e body-horror, prequela que ninguém esperava ou queria e até mesmo slasher diferentão (que, inclusive, não irá aparecer na lista).

Dito isso, confira os 5 melhores filmes de terror de 2024

5 – Eu Vi o Brilho da TV, dirigido por Jane Schoenbrun

Não é de se estranhar que um dos filmes mais autorais de 2024 esteja justamente no terror. O gênero geralmente está aberto a um nível de criatividade e variedade de temas que nenhum outro permite. Eu Vi o Brilho da TV, dirigido pela cineasta estadunidense Jane Schoenbrun, é a prova disso.

O filme acompanha um adolescente que está tentando sobreviver à vida nos subúrbios quando uma colega de classe apresenta a ele um misterioso programa televisivo noturno. A série se torna uma obsessão entre os dois, a ponto de romper as paredes da ficção e fazer com que eles passem a questionar a realidade do que é apresentado na TV.

Com um senso estético único, onde as cores vibrantes incomodam mas também fascinam, Eu Vi o Brilho da TV existe em um terror de autoconhecimento. Excluídos, os adolescentes enxergam naquele programa uma das poucas representações que realmente dialogam com a sua existência. A obsessão para que isso não fique restrito à televisão, então, faz com que a suas percepções da realidade também sejam alteradas. É estranho, mas é genial.

4 – Alien: Romulus, dirigido por Fede Alvarez

Nono filme de uma franquia consagrada por Ridley Scott nos anos 70, mas que pouco ou quase nada acertou nas décadas seguintes, Alien: Romulus foi lançado sob a constante dúvida de que poderia vir a ser apenas mais um fracasso da saga. O resultado foi justamente o oposto: um dos melhores já lançados desde que o primeiro xenomorfo viu a luz do dia.

O filme se passa algumas poucas décadas após os eventos de Alien: O Oitavo Passageiro. Ciente da pouca expectativa de vida existente na colônia onde moram, um grupo formado por jovens colonizadores especiais decide explorar uma estação espacial abandonada com o objetivo de poder ir para outro planeta. No local, se deparam com a forma de vida mais aterrorizante de todo o universo.

Alien: Romulus resgata um terror típico de O Oitavo Passageiro e que estava esquecido na franquia desde então. O medo que é construído nas sombras, na tensão de que um ser violento e mortal pode estar ou não à espreita. Utiliza muito bem as luzes e a motivação dos personagens – que, no fim das contas, estão diante de uma questão também de luta de classes. Tudo isso com um toque fantástico do diretor Fede Alvarez, que coloca toda a sua expertise em terror através do body-horror de um dos personagens.

3 – Chime, dirigido por Kiyoshi Kurosawa

Kiyoshi Kurosawa é um dos diretores em atividade mais originais no que diz respeito à construção do horror. Conhecido principalmente por filmes como A Cura (1997) e Pulse (2001), ele explora um terror sem trilhas, jump-scares ou explicações. Construindo o medo a partir daquilo que você não consegue exatamente explicar.

Chime acompanha um um professor de gastronomia que é acordado por um som que o enche de pavor. Uma espécie de ruído passa a perturbá-lo e, de alguma forma, guiá-lo logo após uma tragédia atingir uma de suas aulas.

Quarenta e cinco minutos: esse é o tempo de duração de Chime. Em menos de uma hora, Kurosawa constroi uma sensação de terror que flui de maneira natural, em um ritmo próprio. Uma atmosfera que vai lhe deixar o tempo inteiro em dúvida, ciente de que uma tragédia pode e deve acontecer. Será que o personagem x vai morrer aqui? Se não, onde será? Um caminho sem volta o cinema desse japonês.

2 – Longlegs, dirigido por Osgood Perkins

O sobrenome Perkins, aliado a um filme de terror, te lembra algo? Anthony Perkins foi o ator que deu vida a Norman Bates em Psicose, clássico absoluto e irretocável de Alfred Hitchcock. O seu filho, Osgood, também tem se aventurado em alguns filmes de terror ao longo da última década. O mais recente, Longlegs: Vínculo Mortal, é sem sombra de dúvidas um dos melhores do ano.

O filme acompanha uma agente do FBI designada para um caso envolvendo um assassino em série impiedoso. Conforme desvenda pistas, ela se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a em uma corrida contra o tempo.

Longlegs tem um dos melhores trabalhos recentes de atmosfera em um filme de terror. Pequenas questões esquisitas são pinceladas ao longo do filme até assumirem forma em uma figura ameaçadora e incômoda – muito bem interpretada por Nicolas Cage. Um filme de terror e investigação que bebe de Silêncio dos Inocentes e A Cura, te deixando com uma dúvida o tempo inteiro: existe algo sobrenatural nisso tudo?

1 – A Substância, dirigido por Coralie Fargeat

Sucesso no Festival de Cannes de 2024, A Substância é um dos maiores, senão o maior, fenômeno cultural do cinema do ano. O filme vem sendo cotado para algo pouco visto na história da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: a indicação de um filme de terror nas principais categorias do Oscar.

O longa segue uma celebridade em decadência que decide usar uma droga do mercado negro, uma substância que replica células e cria temporariamente uma versão mais jovem e melhor de si mesma. O uso, no entanto, possui algumas consequências que podem afetar a sua própria existência.

Estrelado pela excelente Demi Moore, A Substância fala sobre um assunto que a atriz conhece muito bem: o etarismo dentro da indústria cinematográfica de Hollywood, onde as portas fecham para as mulheres na medida em que elas vão envelhecendo. Coralie Fargeat decide abordar esse assunto por meio do terror, abraçando o gore, o ridículo e o escrachado sem perder a mão em nenhum momento sequer.

Menções honrosas

Dá para dizer que tivemos mais do que somente cinco bons filmes de terror. Para falar a verdade, 2024 foi um dos melhores anos recentes para o gênero. Por isso, cabe aqui algumas menções honrosas:

  • Sorria 2 – dirigido por Parker Finn
  • Um Lugar Silencioso: Dia Um – dirigido por Michael Sarnoski
  • Pisque Duas Vezes – dirigido por Zoë Kravitz
  • A Primeira Profecia – dirigido por Arkasha Stevenson
  • Herege – dirigido por Scott Beck e Bryan Woods
  • Exhuma – dirigido por Jan Jae-hyun

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