Cresceu o número de famílias inadimplentes no Distrito Federal 

joedson alves agencia brasil

Maiara Marinho
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O índice de endividamento das famílias no Distrito Federal registrou uma redução em relação a outubro. Em contrapartida, a inadimplência apresentou um crescimento, no mesmo período. Com o aumento de 0,3%, o grupo de inadimplentes totalizou 422 mil em novembro deste ano.

Nesta semana, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic-DF), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apresentou os resultados referentes ao mês de novembro. Em relação ao mês de outubro, mais 3,4 mil famílias passaram a integrar o grupo de inadimplentes em novembro. Comparado ao mesmo período, em 2023, o número de inadimplentes, que era de 197,1 mil famílias, mais do que dobrou, chegando a 422 mil. 

Por outro lado, o índice de endividamento das famílias no Distrito Federal registrou uma redução de 71% para 68,9%, em relação ao mês anterior. Comparado ao mesmo período, em 2023, o endividamento apresentou uma redução de 11%. Atualmente, 731 mil famílias do DF estão em situação de endividamento. A inadimplência é quando uma pessoa não realiza um pagamento de uma conta no prazo. O endividamento, por sua vez, é quando a pessoa tem dívidas, mas está pagando regularmente. 

A desproporção entre endividados – que apresentou uma diminuição, e inadimplentes – que apresentou um aumento, “significa que menos famílias estão tomando crédito emprestado mas, das famílias que tomam crédito, uma parte maior não está conseguindo honrar com o pagamento das prestações”, comentou Matheus de Paiva, 36 anos, professor da pós-graduação em Economia da Universidade Católica de Brasília (UCB). 

De acordo com o economista, é difícil dizer exatamente o que levou a esta situação. “De qualquer forma, isto significa que atualmente está mais difícil honrar os compromissos, haja vista que a inflação acumulada nos últimos 12 meses já está em dois dígitos”, explicou. O resultado disso é que as famílias gastam um valor maior de renda para manter o mesmo nível de consumo de um ano atrás. “Por outro lado, com uma incerteza profunda sobre o cenário econômico e uma insegurança jurídica para realizar negócios, muitas instituições financeiras ficam receosas de emprestar o dinheiro e acabam cobrando uma taxa de juros mais alta, o que reduz o interesse de muitas famílias em contrair empréstimos. Isto ajuda a explicar a redução no montante de famílias endividadas”, comentou Matheus. 

Tipo de dívidas

De acordo com a Peic-DF, os principais tipos de dívidas estão relacionados com os gastos do cotidiano e compromissos de longo prazo. O principal meio de endividamento é o cartão de crédito, com 64,1%. O crédito pessoal é referente a 14,5% e o financiamento de casa é de 13,3%. Em seguida, o financiamento de veículos representa 11,8% do endividamento e o de carnês corresponde a 8,8%. Em menores proporções, aparecem o cheque especial (4,5%) e crédito consignado (3,8%). Outras dívidas correspondem a 2,8% e o cheque pré-datado é de apenas 0,3%. 

“Tive vários gastos inesperados com saúde, carro e aumento do custo de vida pós pandemia. O valor original era de R$ 4.266,20, em agosto de 2022. Atualmente é de  R$ 143.661,27”, comentou a jornalista, de 31 anos, que não quis se identificar. A sua única conta em atraso é o cartão de crédito. “Depois disso, eu nunca mais usei cartão”, conta a cliente do Nubank. Após inúmeras tentativas de realizar um acordo para pagar a dívida, inclusive pelo Desenrola, ela desistiu, devido a falta de financiamento viável, sem juros abusivos. Mas, informou que irá tentar um acordo novamente com a instituição bancária.

Respiro com o 13o

De acordo com a Fecomércio-DF, os recursos do 13o salário, dos beneficiários do INSS e dos pensionistas do IPREV-DF, deverão impactar nas vendas no varejo, nas contratações na prestação de serviços e no pagamento de dívidas.

Uma pesquisa feita pela Serasa, identificou que, no Centro-Oeste, 53% das pessoas planejam investir o valor do 13o, enquanto 22% desejam guardar em uma poupança. Ainda, 19,6% informou que pretende deixar parte do 13º para as contas do novo ano, como IPVA, IPTU e matrícula escolar. Somente 9,6% afirmam que 13º será usado para apreciar as férias.

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