Menos brasileiros consideram que economia do país piorou, segundo Datafolha

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EDUARDO CUCOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A parcela de brasileiros que viu uma piora na situação econômica do país nos últimos meses recuou em junho em relação a abril, segundo pesquisa Datafolha, retornando ao patamar de dezembro do ano passado.

Para 47% dos brasileiros com 16 anos ou mais, a economia piorou nos últimos meses. Em abril deste ano, essa era a percepção de 55% dos entrevistados -nível mais elevado desde meados de 2022, no governo anterior. Em dezembro de 2024, 45% faziam a mesma avaliação.

A percepção de melhora na questão econômica oscilou de 21% para 22%. Outros 28% acreditam que a situação permaneceu igual. Eram 23% em abril.

A pesquisa foi realizada nos dias 10 e 11 de junho, com 2.004 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 136 municípios. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Segundo o Datafolha, a piora é mais citada entre jovens de 25 a 34 anos (55%), com ensino superior (57%), em faixas de renda mais alta (53% a 62%) e na região Sul (57%). Em contraste, é menor entre quem tem ensino fundamental (33%) e mora no Nordeste (34%).

Na consulta sobre a situação econômica pessoal, os números oscilaram dentro da margem de erro: 38% avaliaram como estável, 33% dizem que houve uma piora e, para 28%, houve melhora. O cenário é parecido com abril deste ano (39% estáveis, 34% em situação pior e 27% em situação melhor). Os dados de 2025 apresentam relativa piora em relação a dezembro do ano passado, quando eram 43% em situação estável, 27%, pior e 29%, melhor.

A pesquisa foi realizada cerca de dez dias após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre deste ano. A economia brasileira acelerou o ritmo de crescimento para 1,4% no período, na comparação com os três meses finais de 2024, puxada, principalmente, pela recuperação da safra agrícola.

EXPECTATIVA PARA OS PRÓXIMOS MESES

A expectativa com o futuro da economia brasileira está mais positiva: 32% acreditam que haverá melhora nos próximos meses, acima dos 29% de abril e em linha com os 33% de dezembro. Outros 33% dizem que piorará, ante 36% há dois meses e 28% no final do ano passado.

O percentual dos que avaliam que permanecerá igual passou de 37% em dezembro para 32% em abril e 31% em junho.

Segundo o Datafolha, esses resultados apontam para uma interrupção nas curvas de pessimismo, que era ascendente, e de otimismo, que era descendente, e agora as expectativas positiva e negativa sobre a economia do país dividem um espaço igual na opinião pública.

O pessimismo se destaca entre os mais escolarizados (43%) e mais ricos (48% na faixa de renda familiar de cinco a dez salários, e 45% na parcela com renda superior a dez salários). Por outro lado, há mais otimismo entre brasileiros que estudaram até o ensino fundamental (42%) e estão na região Nordeste (41%).

A expectativa sobre a situação econômica do próprio entrevistado mostra o otimismo de 53%, ante 48% em abril deste ano. O percentual de pessimistas é de 14% (eram 16% há dois meses). Há 31% que preveem uma situação estável, após 35% na pesquisa anterior.

INFLAÇÃO

O Datafolha também mostra ligeira melhora na expectativa de inflação para os próximos meses, embora a maior parcela dos entrevistados continue pessimista em relação ao indicador.

A maioria (59%) prevê aumento da carestia, mas com recuo em relação aos resultados de dezembro (67%) e abril (62%). Outros 12% avaliam que a inflação vai cair, ante 9% no final de 2024 e 14% há dois meses. O percentual de estabilidade passou de 21% nas duas pesquisas anteriores para 24%.

A pesquisa foi iniciada no mesmo dia em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou para 0,26% em maio, após marcar 0,43% em abril.

No acumulado de 12 meses, o IPCA caiu de 5,53% até abril para 5,32% até maio, ainda acima do teto de 4,5% da meta de inflação.

Na expectativa sobre o poder de compra dos salários para os próximos meses, 30% preveem alta, 36%, queda, e 30%, estabilidade. Os números ficaram estáveis na comparação com abril, além de ligeiramente menos negativos em relação a dezembro de 2024, quando 27% previam alta, 39%, queda, e 31%, estabilidade.

DESEMPREGO

Sobre o desemprego, a expectativa ficou estável: 42% acreditam que haverá alta nos próximos meses (eram 43% em abril e 41% em dezembro), 33% preveem estabilidade (mesmo resultado das duas rodadas anteriores), e 22% avaliam que haverá queda (ante 21% em abril deste ano 24% no final de 2024).

A taxa de desemprego ficou em 6,6% no trimestre encerrado em abril. O patamar é o menor para esse período de três meses na série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que começou em 2012.

A rodada atual da pesquisa mostrou que 40% dos entrevistados reprovam o presidente Lula, enquanto 28% o aprovam, mantendo, em relação ao índice de ruim ou péssimo, o pior patamar registrado pelo petista em seus três mandatos. A crise do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ajudou a interromper a melhora na curva de avaliação do governo apontada em pesquisa anterior.

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