OLHANDO O PIB COM LUPA

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Há alguns dias, o IBGE divulgou o resultado do PIB para o primeiro trimestre de 2025.
O crescimento da economia brasileira, de 1,4% sobre o trimestre anterior, foi o quinto
melhor desempenho do mundo, ficando atrás apenas da Irlanda, Islândia, Hong Kong
e Taiwan.
Os analistas creditaram essa boa notícia à evolução do agro e dos investimentos, que
cresceram 12,2% e 3,1%, respectivamente. Estatisticamente, os créditos são
meritórios, mas merecem alguns comentários.
Como o agro corresponde a apenas 7,7% do PIB, pelo lado da oferta, sua contribuição
para a formação do PIB não é tão grande como sugere a estatística. A contribuição do
agro é praticamente igual às contribuições das atividades financeiras e imobiliárias, do
setor de serviços. Além disso, a base do agro – último trimestre de 2024 – é muito
baixa, o que amplia a expansão agora. De todo modo, já é um indicador de que o agro
contribuirá positivamente este ano.
Os investimentos, por sua vez, correspondem a 17,8% do PIB, pelo lado da demanda.
Com sua maior participação, seus efeitos sobre o crescimento do PIB são mais
significativos. A notícia também é muito boa. No entanto, como a indústria de
transformação e da construção caíram neste primeiro trimestre do ano, é fácil inferir
que grande parte destes investimentos decorreram do aumento das importações de
bens de capital, incluindo uma plataforma de petróleo. Seria melhor que parte dos
investimentos tivesse tido origem na nossa indústria de bens de capital.
O setor de serviços, pelo lado da oferta e o consumo das famílias, pelo lado da
demanda, com crescimento de 0,3% e 1,0%, respectivamente, com elevado peso na
formação do PIB, é que merecem destaque. Quem não deve estar gostando muito
disso é a turma do Banco Central, que vai querer manter as taxas de juros elevadas
para segurar a economia e reduzir a inflação.

Roberto Figueiredo Guimarães
Diretor da ABDIB e ex-Secretário do Tesouro Nacional

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