A classificação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 ainda não está matematicamente assegurada, mas poderá até se confirmar já nesta Data Fifa — se tudo conspirar. Para isso, o Brasil precisa vencer o Paraguai amanhã, chegar aos quatro pontos nesta janela, e torcer por uma combinação de resultados: que a Venezuela some no máximo três pontos e que a Bolívia não faça mais do que quatro. Se tudo isso acontecer, restando dois jogos nas Eliminatórias, estaremos “dentro”.
Ou seja, ainda depende de uma conta. Mas convenhamos: é uma conta fácil. E por isso mesmo, é tentador concluir que, com ou sem Neymar, com ou sem técnico, com ou sem inspiração — e até mesmo com 11 cones em campo — o Brasil vai se classificar.
O exagero é proposital, claro. Mas é bom lembrar: esse papo de “cone” surgiu em 2014, quando o centroavante Fred virou meme pela falta de mobilidade. Foi uma coisa tão “viral” que, segundo o próprio Fred revelou, até a sua esposa, em tom de brincadeira, o chamou de ”cone” durante a viagem de férias.
Ressalte-se que era um apelido injusto — Fred foi artilheiro, ídolo, campeão. O problema não era ele. O problema era coletivo, estrutural. E, ironicamente, continua sendo.
O que vimos na estreia de Carlo Ancelotti à frente da Seleção, no empate sem gols contra o Equador, foi um filme repetido: time burocrático, travado, sem confiança. E o mais curioso (ou constrangedor) foi ver o técnico tentando extrair otimismo de uma atuação insossa.
Disse que “gostou do comprometimento defensivo”, que “a torcida empurrou”, que “o gramado atrapalhou”. Tudo muito educado, muito protocolar. Faltou dizer que a bola é redonda. Em certo momento, parecia mais um diplomata tentando justificar uma conferência sem resultados do que um treinador analisando futebol.
Ancelotti tem razão em parte: há mesmo pouco o que tirar dali. O problema é que isso não é novo. A Seleção já vem capengando há tempo. E não é só uma questão de montagem de equipe — é de geração. Falta talento de ponta, falta liderança em campo, falta um norte claro.
A classificação, cedo ou tarde, vai chegar. A verdadeira dúvida é se até a Copa Ancelotti conseguirá transformar esse amontoado em time — e esse time, em algo minimamente competitivo. Porque, se depender só da quantidade de vagas, até uma seleção de cones vestindo a amarelinha estaria nos Estados Unidos em 2026.
