

Estamos nos encaminhando para os últimos dias do Maio Amarelo, que é uma campanha de conscientização para alertar a sociedade sobre a importância da segurança no trânsito, mas efetivamente pouco se viu a respeito de ações para reduzir acidentes e mortes nas ruas e estradas. É como se Roraima não vivesse numa guerrilha no trânsito com mortes e feridos, o que pode se equiparar com um avião cheio de passageiros caindo por ano no Estado.
Embora seja fato que houve uma redução no número de vítimas fatais de 11,5% em 2024, com 146 óbitos registrados, que é a estatística mais atualizada, ainda é grande o número de acidentes diários, muitos deles que nem vão parar nas estatísticas. Aliás, a falta de estatísticas é um sério problema que impede a sociedade de acompanhar os desafios no trânsito e cobrar políticas públicas por parte das autoridades.
Em Roraima, não são apenas os brasileiros que vivem um desafio diário por falta de políticas efetivas de educação e conscientização no trânsito, mas também imigrantes venezuelanos que chegaram sem o mínimo de preparo para o trânsito, especialmente pedestres e ciclistas, os quais dividem o convívio diário nas vias com condutores brasileiros que não fazem questão de esconder sua falha na educação. E o caos fica instalado nas vias mais movimentadas.
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No entanto, apesar da ausência de políticas públicas que encare o problema de frente, com prioridade, outro fato que chama a atenção é o descaso com a educação de trânsito nas escolas, que não se trata apenas de uma promessa política ou cobrança da sociedade, mas de uma exigência legal que é negligenciada. Prevista em lei há quase três décadas, a educação para o trânsito é ignorada por todos, políticos, educadores e governos. Senão, vejamos.
Desde 1997 é prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) a educação de trânsito nas escolas, conforme o Artigo 76 que estabelece que a formação para o trânsito deve ser promovida de forma contínua, desde a educação infantil até o ensino médio. Mas não é o que se vê na realidade das salas de aula, onde o tema é tratado de maneira superficial ou mesmo totalmente ausente dependendo da localidade das escolas nos estados e municípios do interior.
Não iremos vencer os desafios no trânsito sem pensar nos futuros motoristas desde a infância como política pública que vise reduzir os altos índices de acidentes e mortes no trânsito brasileiro. Essa é uma pauta que precisa ser colocada em evidência não somente no mês dedicado à conscientização sobre o trânsito, mas como desafio de políticos, gestores, governos e a sociedade de uma forma geral. Não se pode dizer que está tudo bem diante de uma redução de números quando cada cidadão sai de casa já pensando na guerrilha diária que irá enfrentar no trânsito.
*Colunista
O post A falta de educação no trânsito que é negligenciada a partir das escolas apareceu primeiro em Folha BV.