Sebastião Salgado foi homenageado no Centro Cultural Les Franciscaines, de Deauville, França, dois meses antes de sua morte. Considerado um dos maiores fotojornalistas do mundo, ele morreu nesta sexta-feira, 23, aos 81 anos.
A retrospectiva, feita em março, resgatou os mais de 40 anos de carreira de Sebastião nas mais de 160 imagens. A exposição foi realizada em parceria com a Maison Européenne de la Photographie
O artista se emocionou durante a exposição: “O dia mais feliz da minha vida foi quando completei 80 anos. Simplesmente porque eu estava aqui, eu não estava morto”.
“Quantos amigos perdi, quando estava em Goma [na República Democrática do Congo], durante os quatro anos em Goma. Nós éramos todos fotógrafos. Quatro fotógrafos foram assassinados, e eu estou aqui. Então, para mim, estar vivo com 80 anos é um privilégio enorme”, completou.
A exposição contou com seus trabalhos realizados na África entre 1984 e 1985, sobre os danos causados pela seca e pela fome no continente. Além deste, foram relembradas coleções de fotografias sobre imigração e a série Outras Américas, cujo foco é a América Latina.
Ele também relatou um pouco de sua experiência sobre as fotografias do proletariado e da classe trabalhadora. “Fotografando trabalhadores, eu pude ver que uma outra maior revolução estava acontecendo […] Fui atrás dessa reorganização da família humana que estava acontecendo no mundo.”
“Quando você olha minhas fotografias de trás para frente, você tem a impressão de que eu fui um cara malandro. Coisíssima nenhuma. Eu simplesmente me situei no momento histórico em que eu vivi”, finalizou o fotógrafo.
Estadão Conteúdo