Escolas do DF avançam na prevenção à violência escolar

21.5. pesquisa ipedf

O Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF) divulgou, na manhã desta quarta-feira (21), a pesquisa Bullying no ambiente escolar do Distrito Federal: percepções e implicações práticas. O estudo mostra que, embora a violência escolar ainda seja um desafio importante no Distrito Federal, o cenário começou a mudar positivamente. A maioria das escolas tem investido em ações de enfrentamento ao bullying, com destaque para campanhas educativas e orientação familiar. O evento de lançamento contou com a presença de representantes das secretarias de Educação (SEEDF) e de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), além do Batalhão de Policiamento Escolar da Polícia Militar do DF (BPEsc/PMDF) e do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA).


De acordo com o levantamento, 87,2% dos gestores escolares entrevistados relataram a realização de aulas, campanhas ou atividades sobre bullying com os alunos, e 88,1% afirmaram orientar as famílias sobre o tema. Entre os professores entrevistados, os índices também são significativos: 58% promovem atividades com os alunos e 56,1% atuam com orientações às famílias.

Para a diretora de Estudos e Políticas Sociais do IPEDF, Marcela Machado, os resultados refletem um esforço conjunto para transformar dados em ferramentas de ação governamental. “Essa entrega é fruto de um esforço coletivo do IPEDF e SEEDF para dar visibilidade a uma dimensão sensível da vida escolar”, afirma. “Nós temos a missão de produzir conhecimento que apoie decisões de governo, ouvindo a realidade das escolas e entendendo os desafios, para que essas informações se transformem em subsídios para a ação governamental. É muito significativo ver essa pauta sendo acolhida com a seriedade que ela merece.”

Cultura de paz

A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, também destacou a relevância do estudo para orientar as políticas da pasta: “Essa é mais uma iniciativa que vem para fortalecer as ações de cultura de paz da Secretaria de Educação. Este é um tema que tratamos com muita seriedade e dados como esses nos ajudam a pensar políticas públicas mais efetivas de enfrentamento ao bullying. A pesquisa vai auxiliar na criação de um ambiente mais seguro e de respeito para toda comunidade escolar”.

Do ponto de vista dos educadores entrevistados, 76,4% dos professores e 91,7% dos gestores já enfrentaram casos de bullying em suas escolas. Os principais tipos de preconceito associados são racismo, homofobia e discriminação relacionada à aparência física, como peso e altura.

Os impactos do bullying vão além do ambiente escolar. Cerca de 38,3% dos estudantes que sofreram esse tipo de violência afirmaram faltar pelo menos um dia à aula por conta dessas situações. Os sintomas mais comuns entre as vítimas incluem isolamento social, queda no rendimento escolar e sinais de tristeza. Diante disso, alunos apontam como medidas eficazes a formação de professores, envolvimento das famílias e a criação de canais anônimos de denúncia.

Acompanhamento

O levantamento também revela pontos a serem aprimorados. Apenas 27,5% dos gestores e 26,1% dos professores entrevistados disseram que suas escolas oferecem programas de apoio ou mentoria para estudantes vítimas ou autores de bullying. Isso demonstra que, embora o debate tenha avançado, ainda há espaço para evoluir nas ações de acolhimento contínuo e acompanhamento psicológico dos envolvidos.

Ainda assim, o aumento das ações educativas, a conscientização das famílias e o engajamento dos professores sinalizam uma mudança positiva. O caminho para uma escola mais segura e inclusiva está sendo trilhado, pensando nisso, o IPEDF também lançou o Mapeamento de ações governamentais de enfrentamento ao bullying nas escolas do Brasil e do Distrito Federal (2000-2024).

O estudo analisou iniciativas produzidas nesse período, como leis, normativas, guias, cursos, eventos e políticas públicas, em todo o país, especialmente no DF, e revelou que o território brasiliense ocupa a terceira posição entre os estados com maior número de ações mapeadas: foram 60 no total. Cerca de 70% dessas ações são normativas, leis ou guias, indicando o protagonismo do DF na criação de instrumentos regulatórios para lidar com o problema.

Mapeamento

Marcela Machado também chama atenção para o panorama nacional revelado pelo mapeamento: “Essa não é uma realidade exclusiva do Distrito Federal — o mapeamento que realizamos em todo o Brasil mostra que governos de diferentes estados também têm se mobilizado para enfrentar esse problema nas escolas, o que reforça a urgência e a relevância dessa agenda”.

O mapeamento também mostra que 90% dessas iniciativas têm caráter orientador ou de sensibilização, com foco na conscientização da sociedade, principal público-alvo de 38,3% das ações. Apesar do avanço na formulação de marcos legais e simbólicos, ainda não foram identificadas medidas voltadas especificamente para professores. Mesmo assim, o crescimento no número de ações a partir de 2015 demonstra um amadurecimento institucional sobre a necessidade de políticas públicas que tratem o bullying como um problema social complexo, que exige transformação cultural e estratégias integradas de prevenção.

Veja a pesquisa. 

*Com informaçõs do IPEDF

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