O presidente Donald Trump anunciou nesta terça-feira (20) que os Estados Unidos construirão um sistema de defesa antimísseis inspirado na “Domo de Ferro” israelense, batizado de “Domo Dourado”.
No final de janeiro, Trump assinou um decreto para desenvolver um “Domo de Ferro americano” ou, segundo a Casa Branca, um escudo antimísseis total para proteger o território dos EUA.
Rússia e China criticaram o anúncio na época. Moscou considerou o plano “comparável à ‘Guerra nas Estrelas'” promovida por Ronald Reagan durante a Guerra Fria.
“Durante a campanha prometi aos americanos que construiria um escudo antimísseis de ponta”, disse Trump no Salão Oval da Casa Branca.
“Hoje tenho o prazer de anunciar que selecionamos oficialmente uma arquitetura para esse sistema de última geração”, acrescentou. Ele detalhou ainda que o Canadá participará da iniciativa.
O sistema estará operacional até o final de seu mandato, garantiu Trump, e custará no total “cerca de 175 bilhões de dólares [R$ 990,7 bilhões] quando estiver concluído”.
Segundo uma agência apartidária do Congresso americano, o valor estimado de um sistema de interceptação baseado no espaço, capaz de neutralizar um número limitado de mísseis balísticos intercontinentais, varia entre 161 bilhões e 542 bilhões de dólares (entre R$ 911 bilhões e R$ 3 trilhões) ao longo de 20 anos.
– “Interceptores espaciais” –
O “Domo Dourado” tem objetivos adicionais.
Trump afirmou que “serão implantadas tecnologias de nova geração em terra, mar e espaço, incluindo sensores e interceptores espaciais”.
O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, acrescentou que o sistema é destinado a proteger o território “de mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos, mísseis hipersônicos, drones, sejam eles convencionais ou nucleares”.
A expressão “Domo de Ferro” refere-se a um dos sistemas de defesa de Israel que protege o país contra ataques com mísseis, foguetes e também drones.
Esse sistema já interceptou milhares de foguetes desde que entrou em operação em 2011. Tem uma taxa de interceptação de cerca de 90%, segundo a empresa militar israelense Rafael, que ajudou em seu desenvolvimento.
Israel desenvolveu inicialmente o “Domo de Ferro” por conta própria após a guerra do Líbano de 2006, antes de contar com o apoio dos Estados Unidos, que contribuíram com conhecimento técnico e bilhões de dólares em financiamento.
Trump já havia mencionado esse projeto de escudo antimísseis durante sua campanha, mas especialistas alertam que esses sistemas foram originalmente concebidos para responder a ataques de curto e médio alcance, e não para interceptar mísseis de alcance intercontinental capazes de atingir os EUA.
– Drones –
Em 2022, a última avaliação do Exército americano sobre mísseis alertava para ameaças crescentes vindas da Rússia e da China.
Pequim aproxima-se de Washington no campo dos mísseis balísticos e hipersônicos, e Moscou moderniza seus sistemas de alcance intercontinental, além de aprimorar seus mísseis de precisão, segundo o documento.
O relatório também considera provável o aumento da ameaça representada por drones, que desempenham um papel-chave na guerra da Ucrânia, e alerta para o perigo dos mísseis balísticos da Coreia do Norte e do Irã.
Nos últimos anos, os Estados Unidos adquiriram ampla experiência em defesa contra mísseis e drones.
Na Ucrânia, sistemas americanos têm sido utilizados para neutralizar mísseis russos.
Além disso, aviões e navios de guerra dos Estados Unidos ajudaram a defender Israel de ataques iranianos no ano passado e têm derrubado repetidamente mísseis e drones lançados contra embarcações pelos rebeldes huthis do Iêmen, apoiados por Teerã.
© Agence France-Presse