O aumento da renda e do consumo na Região Nordeste tem gerado impactos positivos na vida de trabalhadores como a guia de turismo Dalva Marques, de 28 anos. Moradora de Salvador há quase uma década, ela caracteriza esse momento como importante para o fortalecimento da sua autoestima e da confiança profissional.
Desde 2018, Dalva atua com ecoturismo, transformando um antigo hobby em fonte de renda. Foi com esse propósito que criou a microempresa Trilhas do Interior, que organiza roteiros para pequenos grupos interessados em explorar trilhas e cachoeiras no interior da Bahia durante os finais de semana.
O negócio, que também sofreu os impactos durante a pandemia, voltou a crescer nos últimos dois anos, impulsionado pela alta na procura por atividades ao ar livre. Segundo a guia turística, além de incluir novos destinos nos roteiros, o número de trilhas mensais tem aumentado gradualmente. Se no início os passeios se restringiam a cidades próximas, como as do Recôncavo Baiano e do Litoral Norte, atualmente alcançam os municípios da Chapada Diamantina, a cerca de 200 quilômetros da capital.
Hoje, o trabalho com ecoturismo já representa uma parcela relevante da renda da empreendedora, que também trabalha como assistente administrativa em uma clínica durante a semana. Os passeios ainda remuneram outros guias locais, contratados para apoiar e supervisionar as atividades em cada roteiro.
“Quando o mês é movimentado, consigo faturar entre 40% e 60% a mais do que no início do negócio, em 2018, ou mesmo nos anos de retomada pós-pandemia. O trabalho com o Trilhas do Interior, embora não seja minha única ocupação, tem se mostrado uma aposta bem-sucedida que me remunera e remunera os outros”, afirma Dalva.
Com o aumento da renda, Dalva conseguiu melhorar sua qualidade de vida. Recentemente, mudou de residência e começou a montar um espaço mais confortável para viver. “Fiquei muito tempo sem ter uma televisão em casa − e isso pode parecer algo pequeno, mas me fazia falta. Agora, com o aumento das atividades, eu consegui comprar uma”, diz.
Mais do que as conquistas materiais, ela destaca a importância da melhora na condição financeira para sua saúde mental e desempenho profissional. Com mais dinheiro em mãos, ela renegociou dívidas e saiu da lista de inadimplentes. Dalva também começou a investir tanto no próprio negócio quanto em aplicações financeiras, com o objetivo de conquistar estabilidade e realizar o sonho da casa própria.
“Hoje consigo me organizar financeiramente atuando em um setor onde mulheres costumam enfrentar dificuldades. Também passei a frequentar espaços que antes não eram acessíveis para mim por não ter condições mesmo. Agora consigo pagar um aluguel melhor, me alimentar bem, praticar atividades físicas e participar de eventos culturais e cursos de capacitação”.
Estadão Conteúdo