Jundiaí nota alta de moradores de rua em semana de esvaziamento da cracolândia

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FÁBIO PESCARINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Serviço de assistência social de Jundiaí (a 58 km de São Paulo) afirma ter notado aumento de pessoas em situação de rua vindas da capital com pedidos pagamentos de passagens para outros municípios ou estados.

O crescimento ocorre na mesma semana em que houve esvaziamento dos usuários de drogas na cracolândia, no centro de São Paulo.

Na terça (13), a rua dos Protestantes, que abrigava a maior concentração de usuários, amanheceu vazia. Logo, começaram a surgir denúncias de que eles teriam sido levados para municípios vizinhos.

A Prefeitura de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, investiga, por exemplo, se dependentes químicos da cracolândia foram transportados para a cidade.

Moradores de Guarulhos, em especial do Parque Santos Dumont, na zona norte, relataram um aumento no número de dependentes na região. A gestão Lucas Sanches (PL) foi informada e iniciou uma investigação.

Nesta sexta-feira (16), a UGADS (Unidade de Gestão de Assistência e Desenvolvimento Social), de Jundiaí, disse em nota que o Centro POP -que faz acolhimento moradores de rua- registrou um aumento pontual no número de pessoas em situação de rua oriundas da capital paulista nos últimos dias procurando o serviço com pedidos de recâmbio para outros municípios ou estados.

“No entanto, o Centro POP não fornece passagens intermunicipais ou interestaduais”, diz a gestão Gustavo Martinelli (União). A prefeitura não mensurou o tamanho do aumento da procura de pessoas vindas de São Paulo atrás das passagens. Nem se sabe quem as encaminhou para lá.

Nesta semana, uma mensagem que seria de João Guilherme Oliveira, responsável pelo Centro POP, circulou entre organizações sociais que dão apoio a moradores de rua na cidade de São Paulo. No texto é informado o crescimento na procura de pessoas da capital com pedidos de recâmbio para outros municípios ou estados e diz que que o serviço não é oferecido em Jundiaí.

“A prefeitura segue monitorando a situação e dialogando com os entes competentes para garantir o acolhimento adequado às pessoas em situação de rua, dentro dos limites da legislação vigente e das competências municipais”, diz trecho da nota da prefeitura.

A linha 7-rubi, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), é a ligação mais barata entre as duas cidades. Com uma passagem (R$ 5,20), é possível ir da estação da Luz, no centro paulistano, até a cidade a quase 60 km de distância em cerca de uma hora de viagem.

ESPALHAMENTO DE USUÁRIOS DE DROGAS

Com o esvaziamento da cracolândia na rua dos Protestantes, na região da Luz, os usuários de droga voltaram a se espalhar por outras regiões da área central de São Paulo.

Como mostrou a reportagem, com a cracolândia vazia, usuários são vistos do Bom Retiro à região da avenida Paulista.

Na última quarta-feira (14) à noite, a peregrinação de usuários de drogas pelo centro de São Paulo após a dispersão da rua dos Protestantes, na Santa Ifigênia, parou por algumas horas entre a noite de quarta (14) e a madrugada desta quinta (15) na esquina da rua Helvétia com a avenida São João.

Entidades sociais que acompanham a situação dos usuários de drogas e desenvolvem políticas de redução de danos lembram que não é a primeira vez que a cracolândia é esvaziada ou muda de endereço.

Na quarta, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou em entrevista coletiva que sua gestão e a de Tarcísio de Freitas (Republicanos), no governo estadual, fizeram um trabalho conjunto e conseguiram uma redução gradativa da cracolândia, apesar de ainda haver outros pontos de consumo.

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