EUA transformariam Gaza em ‘zona de liberdade’, afirma Trump no Qatar

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O presidente Donald Trump voltou nesta quinta-feira (15) a expor seu desejo de assumir o controle da Faixa de Gaza. Em uma mesa-redonda com empresários no Qatar, afirmou que os Estados Unidos “transformariam aquilo em uma zona de liberdade” e afirmou que “não há mais nada a ser salvo” no território palestino.

Trump apresentou sua ideia para Gaza pela primeira vez em fevereiro deste ano, ao dizer que os EUA reconstruiriam a região e forçariam os palestinos a irem para outros lugares.

O plano provocou condenação global, com palestinos, nações árabes e as Nações Unidas afirmando que isso equivaleria a uma limpeza étnica. À época, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, descreveu a ideia de Trump como “uma visão ousada” e disse que ele e o presidente dos EUA discutiram quais países poderiam estar dispostos a receber palestinos que deixassem Gaza.

A maior parte dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza está internamente deslocada enquanto Israel continua uma ofensiva militar que matou quase 53 mil pessoas e devastou grande parte do território. Tel Aviv iniciou seu ataque após os ataques terroristas do Hamas em outubro de 2023.

Falando a um grupo de autoridades e líderes empresariais no Qatar, que abriga o escritório político do Hamas em Doha há anos, Trump disse que tem conceitos para Gaza que considera “muito bons”. “Transformá-la em uma zona de liberdade, deixar os Estados Unidos se envolverem”.

Trump disse que viu “imagens aéreas onde, quero dizer, praticamente não há nenhum edifício de pé”. “Não é como se você estivesse tentando salvar algo. Não há edifícios. As pessoas estão vivendo sob os escombros de prédios que desabaram, o que não é aceitável.”

“Quero ver (Gaza) se tornar uma zona de liberdade. E se for necessário, acho que teria orgulho de ter os Estados Unidos assumindo, tomando conta, transformando-a em uma zona de liberdade. Deixar que coisas boas aconteçam.”

O presidente americano já disse anteriormente que queria transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio”.

Os palestinos rejeitam veementemente qualquer plano que envolva sua saída de Gaza, comparando tais ideias à Nakba de 1948, quando centenas de milhares foram desapropriados de suas casas na guerra que levou à criação de Israel. Muitos dizem que prefeririam viver nas ruínas de suas casas. A Nakba é lembrada justamente neste 15 de maio, quando completa 77 anos, assim como é celebrada a fundação do Estado de Israel.

Basem Naim, um dos líderes do Hamas baseado em Doha, reagiu. “Gaza é parte integrante do território palestino; não é um imóvel à venda no mercado. Permanecemos firmemente comprometidos com nossa terra e nossa causa nacional, e estamos dispostos a fazer todos os sacrifícios possíveis para preservar nossa terra natal e garantir o futuro de nosso povo.”

O envolvimento direto dos EUA em Gaza atrairia Washington mais profundamente no conflito israelense-palestino e potencialmente marcaria sua maior intervenção no Oriente

Médio desde a invasão do Iraque em 2003. Muitos americanos veem esse tipo de engajamento com ceticismo.

Israel invadiu Gaza em retaliação ao ataque liderado pelo Hamas em comunidades do sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 foram levadas como reféns para Gaza, segundo contagens israelenses.

No início deste mês, Tel Aviv aprovou planos para ampliar a guerra contra o Hamas que podem incluir a tomada da faixa e o controle da ajuda humanitária -Israel não permite a entrada de mantimentos desde o início de março, e várias organizações, inclusive funcionários israelenses em privado, têm alertado para o risco de fome generalizada iminente.

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