SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Donald Trump anunciou nesta terça-feira (6) o resgate dos opositores ao regime da Venezuela que estavam asilados na sede diplomática da Argentina em Caracas. A representação, sob os cuidados do Brasil, foi cercada por agentes da ditadura de Nicolás Maduro e havia relatos de cortes frequentes de água e de energia, bem como da presença de franco-atiradores nas proximidades do local.
“Após uma operação precisa, todos os reféns estão agora em segurança em solo americano”, escreveu o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na plataforma X, sem contar detalhes de como os opositores foram levados aos EUA. “Estendemos nossa gratidão a todo o pessoal envolvido nesta operação e aos parceiros que ajudaram a garantir a libertação segura desses heróis venezuelanos.”
As cinco pessoas resgatadas, aliadas da líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, estavam na embaixada desde março de 2024. Elas se abrigaram no local depois que o procurador-geral da Venezuela as acusou de conspiração, e autoridades emitiram mandados de prisão.
À reportagem, um dos opositores disse em janeiro que a sensação de terror era permanente. Em setembro, por exemplo, forças da Venezuela cercaram a embaixada, com patrulhas da agência de inteligência venezuelana e da polícia. Além disso, agentes do regime estabeleceram à época, nos arredores do prédio, um posto de controle para verificar a identidade dos passantes.
O local passou a ficar sob custódia do Brasil em 5 de agosto, quando a ditadura chavista expulsou de sua capital os diplomatas de Buenos Aires. As tensões diplomáticas entre o regime e os países vizinhos se acirraram após as eleições presidenciais que deram um novo mandato a Nicolás Maduro no final de julho, em meio a acusações de fraude.
O Brasil assumiu a sede diplomática e os interesses argentinos. Mas não havia nenhum funcionário brasileiro na embaixada, e os contatos eram limitados.
A relação com Buenos Aires se agravou na sexta-feira (13), quando a Casa Rosada afirmou que um cabo argentino que estava na Venezuela para visitar a família foi preso. Também disse que um antigo funcionário da embaixada, um motorista, está desaparecido.
Os trabalhadores da embaixada (aqueles que não fazem parte do corpo diplomático e, portanto, não foram expulsos) saíram de férias na última semana. Deixaram uma última compra de mantimentos com os asilados, que estão usando a mercadoria com rigor diante da incerteza.