SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Os preços do petróleo estão em forte alta nesta terça-feira (6), um dia depois de atingirem o menor patamar em quatro anos em meio a preocupações sobre a oferta global da commodity.
O barril do Brent, referência para os mercados, avançava 3,15% por volta das 14h30, cotado a US$ 62,15 (US$ 354,73). Trata-se de um aumento de quase US$ 2 desde o fechamento da véspera, quando tocou a mínima de US$ 60,23 (R$ 343,3).
Já o WTI (West Texas Intermediate), referência dos Estados Unidos, subia 3,59%, cotado a US$ 59,19 (R$ 337,61), depois de fechar em US$ 57,13 (R$ 325,6) na segunda-feira. Ambos os contratos de referência atingiram o valor mais baixo desde fevereiro de 2021.
A alta é reflexo, principalmente, de um movimento técnico dos investidores, que viram os preços baixos como uma oportunidade de compra.
O recuo do petróleo se intensificou na semana passada, quando a Arábia Saudita sinalizou que poderia lidar com um ambiente prolongado de preços mais baratos. Isso freou a onda de otimismo que ganhava força em meio a perspectivas de avanços em negociações de tarifas entre os EUA e a China, em especial da ponta da demanda, afirma o analista do Saxo Bank, Ole Hansen.
No acumulado da semana, o Brent caiu 8,3% e o WTI, 7,5%.
A baixa foi novamente estimulada na segunda-feira, depois que a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados), concordou, no sábado, em acelerar ainda mais a produção da commodity pelo segundo mês consecutivo, aumentando a produção em junho em 411 mil bpd (barris por dia).
O estímulo de oito participantes do grupo Opep+ elevará o total combinado de aumentos a 960 mil barris por dia, somando as promessas para abril, maio e junho. Isso representa uma reversão de 44% dos 2,2 milhões de bpd de vários cortes acordados desde 2022, de acordo com cálculos da Reuters.
Como o petróleo já estava sendo vendido a preços bem abaixo dos valores históricos, um aumento da produção deve jogar o preço ainda mais para baixo.
O valor médio do Brent, nos últimos cinco anos, foi de US$ 75.
Na segunda, o BTG Pactual divulgou um relatório apontando que cada aumento incremental de 1 milhão de barris por dia na produção da Opec+ adiciona aproximadamente um risco de US$ 3 a US$ 5 por barril. “Essa configuração reforça nossa visão de que o petróleo pode ter dificuldades para sustentar níveis significativamente acima de US$ 70/barril no curto prazo”, pontua o banco.
Ainda assim, o BTG estima que o preço do petróleo tipo Brent deve voltar a atingir US$ 70 em médio prazo.
No Brasil, a alta do petróleo nesta terça respinga nas ações da Petrobras na Bolsa. Os papéis preferenciais subiam 1,62%, a R$ 30,14; os ordinários, 1,67%, a R$ 32,32. Na véspera, as ações desabaram 3,73% e 3,11%, respectivamente, em resposta ao anúncio da Opep+.