SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar tinha alta nesta terça-feira (6), com investidores à espera das decisões de bancos centrais pelo mundo sobre taxas de juros em seus países, entre eles o Fed (Federal Reserve, o BC americano), o Banco da Inglaterra e o Banco Central do Brasil. Às 14h00, o dólar subia 0,41%, a R$ 5,713, após fechar em alta de 0,62% no dia anterior, cotado a R$ 5,689.
Acordos comerciais envolvendo o presidente Donald Trump permanecem em foco. No entanto, o otimismo que se instalou na semana passada com possíveis acordos vem se deteriorando diante da falta de detalhes sobre as discussões, o que prejudica ativos mais arriscados nesta sessão, como o real.
A Bolsa estava no zero a zero nas negociações por volta das 14h, apesar de as ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) despencarem mais de 20% após resultados do 1º trimestre. Naquele horário, o índice tinha variação de 0,01%, a 133.493 pontos. Na véspera, o principal índice da B3 fechou em queda de 1,21%, aos 133.491 pontos, também com a petroleira como impulsionador da baixa.
A semana estará cheia de decisões de bancos centrais pelo mundo sobre taxas de juros. O destaque será o anúncio do Fed na quarta-feira, com a expectativa de que manterá a taxa de juros inalterada. O Banco da Inglaterra, por sua vez, divulgará sua decisão na quinta-feira.
O foco dos investidores estará principalmente na forma como as autoridades desses bancos centrais veem os impactos das incertezas comerciais no crescimento econômico e na inflação.
“Temos uma certa ansiedade para as reuniões de política monetária. Não deve ter muita novidade, mas a dúvida está sobre a trajetória que virá a seguir, quais serão os próximos passos”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) publicará sua decisão na quarta, tendo já anunciado anteriormente que deve elevar a taxa Selic, agora em 14,25% ao ano, em uma magnitude menor que os aumentos anteriores recentes de 1 ponto percentual -81% das apostas apontam para uma alta de 0,5 ponto percentual, enquanto 19% preveem aumento de 0,25 ponto.
O Fed deve manter inalterada a taxa de juros nos EUA em meio às tarifas de Trump, o que lança uma sombra de incerteza sobre as perspectivas econômicas. O Fed tem mantido a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% desde dezembro.
As autoridades do Fed preveem que as tarifas irão aumentar tanto a inflação quanto o desemprego, embora não se saiba ao certo em que grau e por quanto tempo.
Dados econômicos disponíveis até o momento não sugerem que a economia esteja desmoronando. Pelo contrário, dados divulgados na sexta, reforçados por dados desta segunda, mostraram que o mercado de trabalho do país continua estável, afastando algumas preocupações de recessão após o tarifaço global de Trump.
Na segunda, o Instituto de Gestão de Fornecimento informou que o PMI (Índice de Gerentes de Compras) do setor de serviços dos EUA aumentou de 50,8 em março para 51,6 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam queda para 50,2.
Uma leitura do PMI acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia norte-americana. O instituto associa uma leitura acima de 49 ao longo do tempo com o crescimento da economia como um todo.
Por outro lado, o déficit comercial dos Estados Unidos aumentou para um nível recorde em março, uma vez que as empresas ampliaram as importações de mercadorias antes das tarifas, o que levou o PIB (Produto Interno Bruto) americano a contrair no primeiro trimestre pela primeira vez em três anos.
O déficit comercial aumentou 14%, atingindo o recorde de US$ 140,5 bilhões, em comparação com US$ 123,2 bilhões em fevereiro, segundo o Departamento de Comércio dos EUA nesta terça-feira.
Os movimentos da moeda brasileira também ocorriam na esteira de uma aversão maior a ativos de risco nesta sessão, uma vez que os mercados começam a mostrar impaciência com a falta de detalhes sobre as negociações comerciais que os EUA vêm realizando com uma série de países.
Desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma pausa de 90 dias para suas tarifas abrangentes do “Dia da Libertação”, autoridades da maior economia do mundo vêm sinalizando a possibilidade de acordos comerciais a fim de amenizar as taxas de importação.
Na semana passada, o otimismo em relação aos possíveis acordos favoreceu moedas mais arriscadas, como o real, mas o sentimento se deteriorava nesta semana com a falta de anúncios ou mais detalhes sobre as discussões comerciais.
Enquanto isso, Trump vem realizando novas ameaças tarifárias, com destaque para taxas sobre filmes produzidos fora dos EUA e produtos farmacêuticos, o que apenas tem gerado mais preocupações pela continuação da guerra comercial global.
“Os investidores ficam um pouco receosos ainda, porque não há anúncios de possíveis acordos comerciais. Os EUA ressaltam que estão negociando com diversas nações, que estão muito otimistas que esses acordos possam ser atingidos, mas não tem ainda muitas notícias concretas”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX
Diante desse cenário, ativos mais arriscados sofriam nesta sessão, com quedas em mercados de ações nos EUA e na Europa e entre divisas emergentes.
No panorama de mercado de ações, a Bolsa recupera em alguma medida as perdas que teve na sessão de véspera.
Isso porque a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que inclui aliados com a Rússia) anunciou nesta segunda que vai acelerar os aumentos na produção de petróleo, o que fez as ações da Petrobras despencarem, puxando o índice da B3 para baixo.
As ações da Petrobras subiam por volta das 12h. A PETR3, ações ordinárias, com direito a voto em assembleias, avançava 1,76%, a R$ 32,33, enquanto a PETR4, ações preferenciais, com preferência por dividendos, ganhava 1,38%, a R$ 30,07. O movimento seguia a alta do petróleo no exterior, em recuperação após as perdas de segunda.