RAFAEL LEITE
BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS)
O gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou ontem uma nova ofensiva ampliada contra o grupo militante palestino Hamas, que inclui a “conquista” da Faixa de Gaza e a “movimentação” da população local para o sul.
Israel diz que objetivo é “derrotar o movimento islâmico”. Além disso, o país quer garantir o “retorno dos reféns” israelenses após mais de 19 meses de guerra e evitar que o Hamas assuma o controle do abastecimento no enclave, submetido a bloqueio desde 2 de março.
Membros do gabinete disseram que há “comida suficiente em Gaza”.
O país poderá voltar a distribuir ajuda humanitária na Faixa de Gaza “se necessário”.
Autoridades informaram que o plano é gradual e levará meses. Esse cronograma poderia deixar a porta aberta para um cessar-fogo e negociações de libertação de reféns antes da visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à região na próxima semana, segundo o ministro do gabinete de segurança, Zeev Elkin.
Israel iniciará operação se não houver acordo sobre reféns durante visita de Trump. “Se não houver acordo com reféns, a operação ‘Gideon Chariots’ começará com grande intensidade e não parará até que todos os seus objetivos sejam alcançados”, afirmou uma autoridade sênior de defesa israelense à Reuters.
Proposta inclui “conquista da Faixa de Gaza e a manutenção dos territórios”, segundo uma fonte ouvida pela AFP. Ela também afirmou que o plano prevê desferir “golpes poderosos ao Hamas”, sem especificar sua natureza.
Porta-voz do governo israelense disse que soldados da reserva estavam sendo convocados para expandir operações em Gaza, não tomá-la. Alguns deles foram ouvidos pela RFI e disseram estar prontos para a batalha, como o jovem Amira Souliem. “Temos que nos defender. Nossos vizinhos não são pessoas pacíficas”, afirmou.
Plano também prevê deslocamento da população civil de Gaza para o sul. Durante reunião do gabinete de segurança, Netanyahu disse que “continuará a promover o plano de Trump para permitir a saída voluntária dos habitantes de Gaza”. Em fevereiro, o presidente dos EUA sugeriu tomar conta do território e transformar a Faixa de Gaza na “Riviera do Oriente Médio”.
Israel retomou ofensiva em março, após colapso de um cessar-fogo apoiado pelos EUA, que havia interrompido os combates por dois meses. Desde então, o governo israelense impôs um bloqueio à entrada de ajuda no enclave. Isso gerou alertas das Nações Unidas e de organizações internacionais de que a população de 2,3 milhões de pessoas enfrenta fome iminente.