Semana decisiva no Vaticano: conclave se aproxima

O Vaticano vive uma semana de intensa movimentação com a proximidade do conclave que elegerá o novo Papa. A Rádio Cidade em Dia conversou com Henrique Gomes, mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em religião e política, que trouxe detalhes sobre os dias que antecedem a votação e as expectativas em torno da escolha do sucessor de Francisco.

“Entramos de fato na semana do conclave”, afirma Gomes. Nesta segunda-feira (5), chega ao fim a Novemdiales — período de nove dias de luto e orações após o falecimento do Papa Francisco, ocorrido em 21 de abril. Conforme as normas canônicas, o conclave pode ser iniciado entre 15 e 20 dias após a morte do Pontífice. Inicialmente, cogitava-se o início para terça-feira (6), mas os cardeais decidiram adiar para quarta-feira (7).

De acordo com o especialista, os últimos dias foram fundamentais para o intercâmbio entre os cardeais, especialmente diante do número expressivo de novos eleitores nomeados por Francisco, oriundos de diversas partes do mundo. O período tem servido para articulações discretas, embora, segundo Gomes, “não haja confirmação de campanhas abertas ou blocos de votos definidos, apenas especulações”.

Entre os pontos destacados, está a maior representatividade de cardeais não europeus no colégio eleitoral, reflexo da estratégia de Francisco de ampliar a voz de regiões onde o catolicismo cresce, como África e Ásia. Essa mudança diminuiu a influência europeia, especialmente num contexto de crescente secularização no continente. Outro desafio prático é o idioma: muitos novos cardeais não falam italiano, o que torna o período pré-conclave essencial para alinhar estratégias de comunicação.

A tradicional chaminé já foi instalada na Praça de São Pedro, pronta para sinalizar o resultado das votações. Fumaça preta indicará que nenhum nome obteve os dois terços dos votos necessários. Quando esse quórum for alcançado, a fumaça branca anunciará ao mundo que há um novo Papa.

Gomes também abordou a dimensão política do processo. “Certamente há movimentações políticas durante as congregações gerais, que antecedem o conclave”, explica. São nessas reuniões que os cardeais debatem os desafios da Igreja e as qualidades esperadas do novo Pontífice. É também nos bastidores que surgem conversas sobre alianças e estratégias, como os rumores – posteriormente desmentidos – de um suposto pacto entre Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e o cardeal húngaro Peter Erdő.

Sobre possíveis favoritos, Gomes afirma que este conclave não tem um nome de consenso. Alguns cardeais ganharam visibilidade na mídia, o que pode ajudá-los nas primeiras votações. Entre os nomes citados estão Parolin; o cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, voz relevante sobre o conflito em Gaza; e Erdő, representante de uma ala mais conservadora. Também é mencionado o cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas, querido por setores progressistas por seu perfil próximo ao de Francisco.

Para Gomes, a eleição não deve se alongar. Ele estima que o conclave dure cerca de dois dias, com a possibilidade de que o novo Papa seja escolhido até sexta-feira (9). O primeiro dia costuma ter apenas uma votação simbólica, à tarde. A partir do segundo, ocorrem até quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde.

O rito é marcado por solenidade e silêncio. Cada cardeal escreve o nome do seu escolhido em uma cédula, faz um juramento solene ao depositá-la na urna e invoca Cristo como testemunha de sua escolha. Se ninguém atingir os dois terços dos votos, as cédulas são queimadas e o processo é reiniciado.

The post Semana decisiva no Vaticano: conclave se aproxima appeared first on SCTODODIA.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.