Pesquisa do IBGE sobre baixa arborização em Santa Catarina mal repercute na mídia estadual

(Foto: Pixabay)

A divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da pesquisa “Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios” rendeu, nos meios de comunicação, pautas sobre os dados de arborização. Segundo o Instituto, 58,7 milhões de pessoas (33,7%) moram em vias sem arborização, enquanto 114,9 milhões (66,0%) vivem em vias com presença de árvores, sendo que 55,8 milhões (32,1%) estão em vias com 5 árvores ou mais.

Na região Sul, duas situações chamaram a atenção: São José (SC) é o município de mais de 100 mil habitantes com menor percentual de moradores em vias com arborização (15,1%), enquanto Maringá, o maior (98,6%). Já Florianópolis está em 24º lugar, entre 27 capitais, no ranking das capitais mais arborizadas.

Na mídia catarinense, o fato repercutiu no Portal NSC Total, do grupo que comprou as operações da RBS em Santa Catarina, mas, em 13 parágrafos, a notícia não traz uma só entrevista. Aparece citado apenas o próprio IBGE. O texto, intitulado “Florianópolis está entre as cidades menos arborizadas do país, aponta IBGE”.

(Imagem: Agência IBGE)

O Jornal do Almoço, do mesmo grupo, em notícia de 2 minutos e 23 segundos, limitou-se a apresentar os percentuais, também sem entrevistas.

O Diarinho, periódico do município de Itajaí, noticiou o fato sob o título “SC tem segundo pior índice de arborização do país”. O portal destaca que, entre as dez áreas urbanas com as menores taxas de arborização, Santa Catarina aparece com seis municípios, incluindo a capital, Florianópolis. O Diarinho traz, entre aspas, declaração de um analista do IBGE, mas não houve entrevista. É um trecho tirado da notícia publicada na Agência de Notícias do próprio instituto, também usada pelo Portal NSC Total, mas sem indicação de fonte.

As notícias não fazem qualquer relação com os motivos pelos quais Santa Catarina aparece tão mal no ranking, não cobram do poder público medidas para melhorar o índice de arborização, mostrando as consequências do fato apontado pelo IBGE, ignoram pesquisas científicas em diferentes áreas de conhecimento sobre o assunto (SC tem universidade pública federal e estadual) e não relacionam a realidade do estado com as mudanças climáticas. Dada a atualidade e relevância da pesquisa do IBGE, foi uma oportunidade perdida de fazer boa cobertura jornalística de um tema de interesse de toda a população.

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Míriam Santini de Abreu é jornalista, doutora em Jornalismo, mestre em Geografia e especialista em Educação e Meio Ambiente.

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