
Em 2015, a jovem Rafaela André, de 29 anos, saiu de Petrópolis, no Rio de Janeiro, para Boa Vista, para prestar o vestibular da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Sozinha, sem a família presente, ela veio atrás de seu sonho que, nesta terça-feira, 29, foi realizado onde ela se tornou a primeira aluna quilombola a se formar na UFRR.
Nascida no Quilombo da Tapera, em Petrópolis, Rafaela relata que não se autodeclarou quando fez o vestibular, pois na época tinha vergonha de sua origem. Em entrevista à FolhaBV, a jornalista relata que aprendeu a ter orgulho de suas origens na academia.
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“Ao longo da minha vida, eu nunca aprendi que os negros eram empoderados. A visão que eu tinha, durante o período de estudo, era que eles sofriam muito. Então consequentemente eu não tinha orgulho de ser quilombola, pelo fato de que o quilombo era um local de resistência de escravos fugitivos. Então eu tinha vergonha de falar das minhas origens. Quando eu chego na UFRR, eu vejo o empoderamento dos povos originários e penso que se eles também são de um povo tradicional e se amam, por quê eu também não posso?”, relata Rafaela.

Após aprender sobre o empoderamento negro, Rafaela começou a se interar sobre as pautas raciais que atravessam sua vida. Atualmente, ela é a primeira Coordenadora Estadual de Políticas de Promoção de Igualdade Racial de Roraima, sendo uma referência no debate sobre negritudes no estado.
“Trazer à tona, o fato de eu ser a primeira estudante quilombola a se formar na Universidade Federal de Roraima fala sobre a subnotificação. Quantos e quantas outras minorias étnico raciais passam pela instituição e ela nem sabe. Ou quantas outras minorias querem passar mas não tem alguém como referência para se espelhar”, finaliza a Rafaela.

Mesmo com as dificuldades que enfrentou durante sua trajetória acadêmica, a ativista não desistiu, se tornando a primeira aluna quilombola a se formar na instituição oito anos depois.
O post UFRR forma primeira aluna quilombola apareceu primeiro em Folha BV.