São Paulo, 25 – A dirigente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Megan Greene, manifestou preocupação com a fragilidade da economia britânica e apontou incertezas sobre as causas da fraqueza atual – se são problemas do lado da demanda ou da oferta. “Não temos certeza se a fraqueza na economia do Reino Unido é causada por demanda ou oferta. Estamos mais preocupados com a oferta e com o crescimento muito fraco da produtividade”, afirmou.
Um dos principais riscos, segundo Greene, é o impacto das tarifas comerciais dos Estados Unidos, cujos desdobramentos ainda são incertos. “Ainda não sabemos como ficarão as tarifas dos EUA quando a poeira abaixar”, disse, às margens das Reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ela observou que, apesar de medidas protecionistas normalmente impulsionarem o dólar, isso não ocorreu desta vez. “Então, ainda é muito cedo para dizer o que vai acontecer com o dólar e com as tarifas.”
Greene também alertou que o avanço do protecionismo pode gerar choques de oferta no futuro. “Uma oferta mais restrita pode, sim, ser altamente inflacionária”, afirmou. No curto prazo, no entanto, ela avaliou que as tarifas dos EUA podem ter um efeito desinflacionário.
A dirigente acredita ainda que a China deve buscar caminhos para reduzir sua dependência do mercado americano. “Podemos ver certa diversificação do comércio vindo da China e acredito que será de forma bastante rápida”, afirmou. Greene acrescentou que gastos fiscais da União Europeia (UE) “podem ser positivos para o Reino Unido”, sugerindo que políticas expansionistas no bloco europeu podem impulsionar a economia britânica.
Outro ponto de atenção, segundo ela, é o enfraquecimento gradual do mercado de trabalho. Greene destacou que há sinais de desaceleração nos ganhos salariais. Apesar das incertezas, reforçou a importância de acompanhar as expectativas de inflação, observando que os consumidores estão mais sensíveis a possíveis aumentos de preços.
Estadão Conteúdo