FRANCISCO LIMA NETO E BRUNO SANTOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Simone Francelina da Silva, mãe de Bruna Oliveira da Silva, 28, que foi encontrada morta na noite de quinta-feira (17) em um estacionamento na zona leste de São Paulo, chamou o suspeito do assassinato, Esteliano José Madureira, 43, de monstro.
“Ele é um monstro. Ele acabou de matar uma pessoa, tirar a vida de uma menina, e a vida dele continua, ‘vou catar minhas latinhas’, provavelmente voltou para casa, foi dormir, um monstro”, disse.
Ela participou de um protesto de dezenas de pessoas, em especial mulheres, nesta quinta-feira (24) na EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) da USP (Universidade de São Paulo), que cobrou justiça pela morte da estudante.
Ela afirmou que o protesto não era só pela filha.
“A justiça não é só por ela, gente, é justiça por todas as meninas que passaram por isso, passam por isso, e eu sei que ainda vão passar, infelizmente”, disse.
“Eu peço segurança, no local, peço para fechar aquele muro, tirar aquele mato, colocar mais policiamento, que outras mães não venham a sofrer o que estou sofrendo, mas busquem justiça, vão atrás, lutem, não deixem impune, isso tem que acabar”, declarou.
O grupo carregava cartazes e cantava palavras de ordem contra a violência de gênero e o feminicídio.
“A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”, era uma das frases entoadas.
Madureira, 43, suspeito de assassinar a estudante, foi encontrado morto, com sinais de tortura, na zona sul de São Paulo, na noite desta quarta-feira (23), segundo a Polícia Civil.
O corpo dele estava na avenida Morumbi, a cerca de 30 km de onde a estudante foi localizada, envolto por uma lona. O corpo de Madureira, de acordo com o boletim de ocorrência, estava com as pernas amarradas por um pano e apresentava mais de dez facadas no tórax, abdômen, na altura da cintura, costas, nuca e região anal.
“Pela quantidade e natureza das lesões, entendemos que a morte se deu de forma dolorosa, com emprego de tortura”, consta no registro policial.
A principal hipótese em investigação é que ele tenha sido julgado e morto por um tribunal do crime, ou seja, um julgamento clandestino feitos por integrantes de facção criminosa.
“Foi arrebatado numa comunidade conhecida como Prainha, levado para outra comunidade na zona leste, que deve ser a Cohab José Bonifácio, e de lá veio para Paraisópolis, e depois teria sido desovado”, disse o delegado Rogerio Thomaz, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), sobre a morte de Madureira.
Madureira teria sido morto na terça-feira (22), um dia antes de o corpo dele ser encontrado na avenida Morumbi, na zona sul da capital paulista.
O CASO
Bruna estava desaparecida desde domingo (13) quando foi de metrô do Butantã, na zona oeste, até a estação Corinthians-Itaquera da linha 3-vermelha, na zona leste.
Na estação, Bruna disse ao namorado que não tinha como chegar em casa e que estava com pouca bateria no celular. Ele fez uma transferência de dinheiro para que ela pudesse pedir uma viagem por aplicativo para completar o trajeto. A partir daí, a família não teve mais notícias dela.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que a estudante saiu sozinha da estação.
Desde então, os policiais tentavam traçar os últimos passos dela. A polícia teve acesso a uma imagem que mostra um homem caminhando na direção de Bruna e a abordando.
Bruna era formada em Turismo na EACH-USP, conhecida como USP Leste. Recentemente, ela havia sido aprovada no mestrado do programa de pós-graduação em mudança social e participação política da mesma unidade. Em nota, a direção da EACH-USP lamentou a morte da estudante.
Segundo a mãe, a jovem foi professora de inglês em colégios particulares e também dava palestras, inclusive fora de São Paulo. Ela deixa um filho de sete anos, os pais e dois irmãos.