Polícia realiza buscas por fazendeiro suspeito de ser mandante da morte de liderança rural na mesma região de Dorothy Stang no PA


Agricultor e liderança rural Ronilson de Jesus Santos, de 52 anos, foi morto com tiros na cabeça na sexta-feira (18), por motivação ligada a conflitos de terra. João Antônio Pereira Franco é suspeito de ser o mandante e um dos executores do crime.
PCPA
A Polícia Civil do Pará realizou, na manhã de quarta-feira (23),uma operação para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão temporária relacionados ao assassinato de Ronilson de Jesus Santos, do agricultor e liderança rural em Anapu, no sudoeste do Pará.
Ronilso, de 52 anos, foi morto com tiros na cabeça, na sexta-feira (18), na mesma região em que a missionária norte-americana Dorothy Stang foi assassinada em 2005 – também pelo mesmo motivo: conflitos de terra.
Na quarta-feira (23), três pessoas suspeitas de envolvimento no crime foram presas: Cássio Henrique, por mandado de prisão; Antônio Alex, por posse ilegal de armas; e Arlene, por posse de munições.
Segundo a polícia, as ações começaram por volta das 6h da manhã, no município de Pacajá, no sudoeste paraense, onde os agentes realizaram buscas na casa de João Antônio Pereira Franco, apontado como principal suspeito de ser o mandante e um dos executores do crime.Ele está foragido, e a polícia realiza buscas para localizá-lo.
Antes da entrada no imóvel, um drone foi usado para verificar a presença de um veículo suspeito. Como o automóvel não foi encontrado, a equipe optou por não forçar a entrada.
No local, os policiais foram recebidos pela ex-companheira de João, identificada como Arlene, que acabou presa em flagrante por posse ilegal de munições de uso restrito. Na casa, foram apreendidas munições de calibres 9 mm e .36, um estojo de pistola 9 mm, além de uma motocicleta Yamaha/XTZ 250 azul — compatível com a descrição de veículos usados na cena do crime — e outros itens como celulares, notebook, câmeras de segurança e capacetes.
Ainda segundo a polícia, Arlene relatou que a moto era usada por João e que teria sido devolvida por um cunhado. Disse ainda não saber o paradeiro atual do ex-companheiro, mas afirmou que ele estaria em uma propriedade rural no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola Jatobá, área marcada por conflitos com a vítima.
Enquanto isso, uma segunda equipe da Polícia Civil seguiu até a fazenda de João. No local, três pessoas foram avistadas; uma delas fugiu armado para a mata. Os outros dois, identificados como Cássio Henrique dos Santos do Carmo — que estava com mandado de prisão em aberto — e Noci de Jesus, foram abordados. Cássio foi detido.
Na sede da propriedade, foram apreendidas munições, celular, antena Starlink e outros objetos. Em uma área próxima, os policiais encontraram Antônio Alex Pacheco Nunes, que afirmou estar no local com autorização de João para extrair madeira. No barraco onde morava, foram apreendidas cinco espingardas de fabricação artesanal. Ele foi preso por posse ilegal de arma de fogo.
Coordenada pela Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (DECA) de Altamira, a operação contou com o apoio de diversas unidades, incluindo a 22ª Seccional Urbana de Altamira, Delegacia de Homicídios (DH), Núcleo de Apoio à Investigação (NAI) e a Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE).
Agricultor Ronilson de Jesus Santos era liderança em assentamento agrário em Anapu, no Pará.
Reprodução / Arquivo Pessoal
Conflito fundiário
De acordo com a Polícia Civil, João Antônio é dono de uma fazenda na BR-230, próxima ao Assentamento Vale do Pacuru, onde vivia Ronilson. As investigações indicam que João desejava se apropriar da área do assentamento e chegou a oferecer dinheiro e terras à vítima para que esta encerrasse as atividades da associação que liderava, a ADESPAVAPA.
Diante da recusa, João teria passado a ameaçar Ronilson e a promover ações de intimidação com homens armados. Testemunhas relataram que o suspeito esteve no assentamento armado, acompanhado de ao menos sete homens, e procurava Ronilson sozinho, o que, segundo a polícia, configurava uma ameaça direta.
Em fevereiro, uma operação do Incra e do Ibama na região resultou na destruição de estruturas construídas ilegalmente, inclusive da sede da fazenda de João. Após a ação, ele teria ligado para Ronilson e feito ameaças, culpando-o pelas denúncias.
Investigação continua
A principal linha de investigação aponta que o assassinato de Ronilson foi motivado pela disputa por terras na região e teria sido encomendado por João Antônio. Os materiais apreendidos passarão por perícia.
A Operação Pax Agrária integra os esforços da Polícia Civil no combate à violência e aos conflitos agrários no sudoeste do Pará.
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