MICHELE OLIVEIRA
ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS)
Cidade mais visitada da Itália, Roma vive dias ainda mais frenéticos devido a uma coincidência de eventos em poucos dias. Além da movimentação em torno da morte do papa, ocorrida na segunda-feira (21), e do seu funeral, neste sábado (26), a cidade está cheia porque o país está em meio a um feriado prolongado, com escolas fechadas, e grupos de peregrinos estrangeiros já tinham viagem programada para esses dias por causa da Páscoa.
Um dos eventos mais importantes dentro do Jubileu da Igreja, que ocorre a cada 25 anos, o Jubileu dos Adolescentes foi mantido e, mesmo que a canonização de Carlo Acutis, morto aos 15 anos, tenha sido adiada, muitos que já tinham passagem e hospedagem reservada mantiveram a vinda a Roma -eram esperados 80 mil participantes no domingo (27). Para completar, os dias têm sido de sol, e as temperaturas passam de 20ºC pela primeira vez no ano.
Na Itália, a segunda-feira de Páscoa também faz parte dos festejos, e nesta sexta (25) o país celebra 80 anos do Dia da Liberação, que marca o fim da ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As escolas ficaram a semana toda sem aulas, em um grande feriadão.
O funeral do papa acrescentou como ingrediente a chegada de autoridades internacionais nas próximas horas. Segundo o Vaticano, são 130 delegações confirmadas, incluindo 60 chefes de Estado e monarcas, de Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva a Volodimir Zelenski, dos reis da Espanha ao príncipe William, que representará o pai, Charles 3º. Estima-se que mais de 200 mil pessoas estarão na praça.
Para acompanhar o funeral, 4.000 profissionais de imprensa já se registraram na Santa Sé . Autoridades de Roma afirmaram que são previstos mais de mil ônibus fretados, com peregrinos e turistas, e a companhia italiana de trens vai acrescentar 260 mil lugares em direção à capital.
Pelas calçadas ou dentro do transporte público, é uma miríade de idiomas falados ao mesmo tempo.
Desde terça, a atenção à segurança foi redobrada. O entorno do Vaticano está blindado, com diversos vetos à passagem de veículos e postos de controle de pedestres. É preciso abrir mochilas e bolsas grandes no primeiro dos acessos, e quem pretende entrar na praça ou na Basílica de São Pedro precisa passar por um detector de metais. Para o dia do funeral, foram escalados mais de 2.000 agentes de polícia. A vigilância é complementada por helicópteros, drones e atiradores de elite.
Um exército de organizadores se espalha pelas ruas, com agentes de proteção civil, bombeiros, socorristas e voluntários que tentam orientar o vaivém de fiéis e turistas em volta da São Pedro.
As filas estão por toda a parte, não só para ver o corpo do papa dentro da basílica. Com fluxo mais organizado nesta quinta (24), por volta das 9h30 de Brasília todo o percurso, fora e dentro da igreja, exigia cerca de 1h30min. Também era preciso esperar cerca de meia hora para entrar na Basílica Santa Maria Maior, a cerca de 4,5 km dali, onde Francisco será sepultado. Normalmente, a igreja não registrava filas.
Sorveterias e restaurantes de fast food de comida italiana também eram pontos disputados -o Pasta Asciuta, do lado do Vaticano, tinha 20 minutos de espera para comer um prato de massa em pé na calçada.
Mesmo para os romanos acostumados com o fluxo de turistas o ano todo, a semana tem sido disruptiva. Diversas ruas estão bloqueadas, obrigando a desvios e com veto a estacionamento.
Linhas de ônibus foram reforçadas, e a linha de metrô que leva ao Vaticano está em circulação até 1h30. Para o sábado, a situação vai piorar, com mais bloqueios, em vista do cortejo fúnebre que atravessará a capital para levar o papa até a Santa Maria Maior.