

Arcebispo de São Paulo e cardeal participante do conclave, Dom Odilo falou sobre estilo de Papa Francisco – Foto: Divulgação/Luciney Martins/Arquidiocese de SP
O arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer, de 75 anos, recebeu a imprensa na Catedral da Sé, na manhã desta segunda-feira (21), para falar sobre a morte do Papa Francisco e defender seu legado.
Disse ter recebido a notícia com pesar, “porém, de certa forma, não com surpresa”. Comentou a gravidade da pneumonia enfrentada pelo líder católico, que era viral, bacteriana e fúngica, além da fragilidade demonstrada nos últimos dias.
Também relembrou seu último encontro com o líder da Igreja Católica, em fevereiro deste ano, dois dias antes do Papa Francisco ser internado.
“Estive em Roma com três padres e participei da audiência geral. Eu era o único cardeal presente. Me impressionou como o papa estava abalado”, comentou o arcebispo, que teve a oportunidade saudá-lo. “Guardo com muito carinho este último encontro, última participação de uma audiência com ele”, completou.

Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo recebeu a imprensa na Catedral da Sé nesta segunda-feira (21) – Foto: Divulgação/Luciney Martins/Arquidiocese de SP
Dom Odilo citou que teve muito contato com Francisco ao longo dos 12 anos do seu pontificado, em contatos mais formais, mas que o papa tinha um jeito marcante.
“Ele estuca muito e depois fala com muita sabedoria. Poucas palavras, mas palavras muito orientadoras que sempre surpreendiam”, recordou.
Legado do Papa Francisco, segundo Dom Odilo
Cardeal com menos de 80 anos, e, portanto, participante do conclave que irá definir o novo líder da Igreja Católica, Dom Odilo fez longa homenagem ao pontífice, reforçou pontos importantes do pontificado, mas também cuidou em colocar o argentino em um processo de continuidade, e não oposição a seus antecessores.

Cardeal Dom Odilo teve alguns encontros com Papa Francisco, como o da foto; o último foi em fevereiro deste ano – Foto: Divulgação/Arquidiocese de São Paulo
“Ele pegou firme na continuidade da implantação do Concílio Vaticano II no que diz respeito à própria Igreja: torna-lá mais missionária. Uma Igreja não voltada para dentro, apenas cuidando de si, mas para o mundo para comunicar a riqueza da sua mensagem e do seu testemunho”, citou o arcebispo.
Também reforçou seu exemplo de humildade e simplicidade, ao abrir mão do aposento no Palácio Apostólico para morar na Casa Santa Marta, construído para hospedar cardeais.
Dom Odilo colocou entre os legados do Papa Francisco as reformas na Igreja, como na Cúria Romana, corpo administrativo do Vaticano, suas preocupação com as “periferias do mundo” e a firmeza no enfrentamento de “certos desvios morais dentro do clero”.
Neste caso, Dom Odilo se referia aos escândalos de abuso sexual dentro da Igreja. Papa Francisco promoveu conferências, defendeu dar mais vozes as vítimas e promoveu mudanças no Código Penal. Foi incluída uma menção explícita de abuso sexual por padres contra menores e pessoas com deficiência.
O arcebispo de São Paulo aguarda definições para viajar a Roma. Ele pretende participar do funeral do Papa Francisco, além da semana de reuniões preparatórias para o conclave e o conclave.