YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
Traficantes da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, atravessaram 63 km para atacar milicianos do Antares, na zona oeste, no dia da morte do policial civil João Pedro Marquini, no dia 30 de março.
Marquini era agente da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), a divisão de elite da Polícia Civil, e era casado com a juíza Tula Mello.
Em entrevista coletiva na terça-feira (15), a Polícia Civil afirmou que traficantes do Tabajaras foram atacar os milicianos do Antares a mando do chefe do tráfico local, Ronaldinho Tabajara, ligado ao Comando Vermelho.
Na volta, segundo a investigação, o grupo armado decidiu roubar os carros de Marquini e Tula na Serra da Grota Funda para despistar, já que os veículos usados no ataque estavam alvejados por tiros.
Na terça, uma operação da Polícia Civil na Ladeira dos Tabajaras deixou cinco mortos e três presos em flagrante. A ação tentava cumprir dois mandados de prisão contra suspeitos de participação na morte de Marquini.
Os cinco mortos eram suspeitos de envolvimento com o tráfico, segundo a polícia.
Um deles, Vinicius Kleber di Carlantonio Martins, conhecido como Cheio de Ódio, estava no comboio que terminou na morte de Marquini. Investigação aponta que seria dele o carro usado no ataque que matou o agente da Core.
Horas após a operação nos Tabajaras, policiais prenderam Antonio Augusto D’Angelo Fonseca.
Ele é apontado como um dos autores da morte.
Fonseca, segundo a polícia, estava escondido no apartamento da mãe, em Copacabana, desde o início da operação nos Tabajaras.
A reportagem não conseguiu encontrar a defesa de Fonseca.
A operação em Copacabana superou, em uma única ação, a marca de mortes por intervenção policial dos últimos sete anos no bairro.
Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), que reúne registros em delegacias policiais, mostram que a última vez em que Copacabana tivera cinco ou mais mortes por intervenção policial ao longo de um ano fora em 2018, com dez.
Desde então, o bairro teve quatro mortes por intervenção policial em 2019; uma em 2020; duas em 2021; duas em 2022; nenhuma em 2023; e uma em 2024.
A Ladeira dos Tabajaras é a comunidade onde morava a aposentada Joana da Paz, que gravou a movimentação de traficantes em fitas, em 2005, e inspirou o filme Dona Vitória, protagonizado por Fernanda Montenegro.
“A reação da polícia vai depender da ação do criminoso. Se eles não reagirem, não haverá confronto e as forças policiais irão cumprir os mandados. Caso haja reação, é uma opção deles e iremos responder na mesma altura”, afirmou o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, durante entrevista coletiva na terça.