Harvard desafia Trump, se recusa a acatar exigências e tem US$ 2 bilhões bloqueados

Prédios laranjas de Harvard

Sob a acusação de antissemitismo, universidade tem mais de R$ 10 bilhões bloqueados – Foto: Divulgação/Stephanie Mitchell/Harvard Staff Photographer/ND

O governo de Donald Trump anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 12,8 bilhões) em verbas destinadas à Universidade de Harvard como retaliação por não cumprir lista de exigências impostas e sob acusação de antissemitismo.

A decisão foi comunicada pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos na segunda-feira (14), logo após a resposta oficial da instituição às solicitações do governo.

Em uma carta enviada na sexta-feira (11), a Casa Branca estabeleceu uma série de exigências, incluindo o fim de programas de inclusão e equidade, a denúncia de estudantes estrangeiros que violassem condutas acadêmicas, e a contratação de uma equipe externa para fiscalizar a “diversidade de pontos de vista” em todos os departamentos.

Manifestações contra a guerra em gaza em Harvard, o que causou acusação de antissemitismo

Em abril de 2024, estudantes organizaram manifestações contra a guerra em Gaza – Foto: Talia Jane/@taliaotg/X

Harvard respondeu afirmando que “nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”.

A instituição também defendeu a autonomia acadêmica garantida pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão.

Harvard acusa Casa Branca de ameaçar autonomia universitária e liberdade de expressão

Anteriormente, a universidade já havia criticado a tentativa do governo Trump de monitorar opiniões políticas de professores e alunos. Agora, com a negativa da instituição, o Departamento de Educação bloqueou bilhões em subsídios e suspendeu contratos plurianuais avaliados em mais de US$ 60 milhões (cerca de R$ 350,5 milhões).

Donald Trump discursando com logo da casa branca ao fundo

Governo americano afirma que universidades não respeitam direitos civis – Foto: Roberto Schmidt/AFP/ND

Segundo o governo, a renomada universidade estaria “falhando em proteger os direitos civis”, ao permitir manifestações estudantis contra a guerra em Gaza. A Casa Branca classificou os atos como “assédio a estudantes judeus” e associou os protestos a comportamentos antissemitas.

Uma das exigências do governo era a proibição do uso de máscaras durante protestos — medida considerada uma tentativa de reprimir manifestações pró-Palestina.

Além de Harvard, outras universidades americanas também tiveram verbas congeladas por não se alinharem às exigências do governo federal, que alega buscar um reequilíbrio ideológico nas instituições acadêmicas.

O que é antissemitismo

O antissemitismo é a discriminação, o preconceito ou o ódio direcionado aos judeus enquanto grupo religioso, étnico ou cultural. Essa hostilidade tem origem histórica e já motivou perseguições severas ao longo dos séculos, incluindo o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.

Nos Estados Unidos, o termo voltou ao centro do debate após o governo de Donald Trump cortar mais de R$ 10 bilhões em verbas da Universidade de Harvard. O congelamento foi motivado por acusações de antissemitismo na instituição, além de outros pontos que a universidade não acatou.

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