Dólar oscila e Bolsa sobe com novo recuo dos EUA sobre aplicação das tarifas

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar oscila entre os sinais nesta segunda-feira (14), com o mercado ainda atento à política tarifária dos Estados Unidos.

O presidente Donald Trump flexibilizou, na noite de sexta, a aplicação do tarifaço a uma série de produtos eletrônicos, como smartphones e computadores. O recuo é temporário, segundo a Casa Branca.

Às 12h50, o dólar tinha leve variação positiva de 0,03%, cotado a R$ 5,871. Já o Ibovespa seguia a tendência do exterior e marcava alta de 0,65%, a 128.516 pontos.

O recuo de Trump isenta os eletrônicos das tarifas de 145% sobre importações da China e de 10% sobre outros países. A lista de exceções foi publicada pela alfândega norte-americana e inclui discos rígidos, processadores de computador e chips de memória, entre outros -itens que, em geral, não são fabricados pelos Estados Unidos.

As isenções, segundo um alto funcionário do governo ouvido pelo New York Times, visam manter o fornecimento de semicondutores, uma tecnologia fundamental usada em dezenas de produtos.

Trump, porém, disse no domingo que não houve “exceção tarifária” na medida. São produtos que estão “apenas sendo realocados para uma categoria tarifária diferente”, além de estarem sujeitos à taxa de 20% imposta à China em fevereiro como retaliação pela entrada da droga fentanil.

Horas antes, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, havia afirmado que esses produtos eletrônicos podem ser impactados por tarifas separadas em um mês, o que deu força à impressão de que as isenções são apenas temporárias.

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“O ambiente ainda é de muita incerteza e insegurança por conta dessa postura inconsistente da Casa Branca, principalmente para quem tem que tomar decisões de longo prazo”, comenta Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

O recuo, no entanto, fortalece a impressão de que há espaço para negociações no tarifaço, aliviando parte das tensões que pressionaram os mercados nas últimas semanas.

O principal temor é que as tarifas afetem profundamente o comércio internacional pela diminuição de fluxos e encarecimento de produtos-chave nas cadeias de abastecimento. Isso poderia trazer um repique para a inflação global e levar algumas das principais economias do mundo, incluindo os Estados Unidos, a uma recessão.

“Estamos em uma posição muito melhor do que na sexta-feira” e os investidores de tecnologia “agora podem respirar aliviados”, escreveu o analista Daniel Ives, da Wedbush. “Mas ainda há muita incerteza, caos e confusão sobre os próximos passos, com todo o foco nas negociações tarifárias com a China sendo o ponto central.”

Washington e Pequim têm estado em cabo de guerra desde 2 de abril, quando Trump tornou o tarifaço público. Inicialmente, a China seria taxada em 34%, além do piso básico de 10% para todas as importações que chegam aos EUA e de outras tarifas impostas ao país asiático ao longo dos últimos três meses.

Mas a China retaliou com tarifas da mesma magnitude, e Trump subiu a régua para 50%. Pequim não recuou e aumentou as taxas sobre os EUA para 84%, o que culminou em encargos de 145% por parte do governo norte-americano. O país asiático, então, aumentou a carga para 125% na sexta-feira.

O porta-voz do Ministério das Finanças chinês afirmou: “Diante do fato de que, no atual nível de tarifas, não há possibilidade de aceitação pelo mercado de produtos dos EUA exportados para a China, se o lado americano continuar a impor tarifas sobre produtos da China, o lado chinês vai ignorá-las”.

Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump está otimista sobre a possibilidade de chegar a um acordo comercial com os chineses, em aceno a uma possível trégua.

“O presidente deixou bem claro que está aberto a um acordo com a China. Se a China continuar retaliando, isso não será bom para ela”, disse.

Os EUA, além disso, suspenderam na quarta parte da aplicação das tarifas recíprocas a alguns parceiros comerciais por 90 dias, adotando uma taxa básica de 10% a todas as importações durante o período de negociações. A medida não se estendeu à China.

A semana deve guardar o início das negociações bilaterais entre os Estados Unidos e os países mais afetados. Uma conversa entre autoridades norte-americanas e japonesas está agendada para quinta-feira,

O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, ainda disse nesta segunda-feira que os negociadores dos EUA e da União Europeia já se reuniram inúmeras vezes e estão fazendo “um enorme progresso”.

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