Trump impõe tarifa de 145% sobre importações chinesas, mas reforça disposição para negociar

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FERNANDA PERRIN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Produtos chineses importados pelos Estados Unidos serão alvo de uma tarifa total de 145%, afirmou a Casa Branca nesta quinta-feira (10) à imprensa americana. O percentual é resultado da soma da taxa anunciada por Donald Trump na quarta (9), de 125%, a uma tarifa de 20% aplicada no início deste ano.

O esclarecimento feito por Washington é a quarta mudança anunciada na relação comercial com a China, a segunda maior fonte de importações dos EUA, em pouco mais de uma semana. Os índices acionários americanos voltaram a cair em resposta.

A China não alterou o percentual de tarifas que impôs às importações vindas dos EUA (84%), mas anunciou que vai limitar a importação de filmes de Hollywood -uma medida vista como simbólica por analistas. Durante uma reunião de gabinete nesta quinta, Donald Trump ironizou a retaliação. “Acho que já ouvi coisas piores”, disse, causando risos entre seus subordinados.

Ao mesmo tempo, o presidente reforçou sua disposição para negociar com os chineses durante uma reunião de gabinete na tarde desta quinta. “Vamos ver o que acontece com a China. Adoraríamos poder fechar um acordo”, disse.

“Estamos reorganizando a mesa de negociações, e tenho certeza de que vamos conseguir nos entender muito bem. Tenho grande respeito pelo presidente Xi. Ele tem sido, no verdadeiro sentido da palavra, um amigo meu por muito tempo, e acho que vamos acabar chegando a algo muito bom para os dois países”, completou.

Com a maior cautela global diante da guerra comercial, o dólar fechou em forte alta de 0,91% no pregão desta quinta, cotado a R$ 5,897.

Já os índices acionários pelo mundo registraram forte queda. A Bolsa brasileira fechou com perdas de 1,12%, a 126.354 pontos. Em Wall Street, o S&P500 caiu 3,46% e o Nasdaq Composite, 4,31%. O Dow Jones ainda registrou perdas de 2,50%.

Para analistas, a China aposta que tem mais fôlego econômico e político para aguentar a guerra comercial do que os EUA, sujeitos à pressão de eleitores.

Referindo-se à turbulência no mercado financeiro, o presidente afirmou que “sempre haverá uma dificuldade na transição”, mas que ele está orgulhoso das altas nas Bolsas observadas na véspera, após ele anunciar a suspensão da entrada em vigor de tarifas mais altas, classificadas por seu governo como recíprocas. Uma taxa universal de 10% está em vigor, exceto para China, Canadá e México.

“Todo mundo quer vir e fazer um acordo, e estamos trabalhando com muitos países diferentes, e tudo vai dar muito certo. Acho que vai dar realmente muito certo, estamos em uma boa posição”, disse o republicano. Ele deixou a porta aberta para negociar o percentual de 10%, a depender do que cada país oferecer.

Em uma ordem executiva divulgada nesta quinta, o presidente americano determinou também a elevação da tarifa de importação de pacotes de menor valor da China -como compras na Shein e na Temu. Agora, esses itens sofrerão uma taxação de 120%, 30 pontos percentuais acima dos 90% anunciados anteriormente.

Essa tarifa será aplicada a pacotes com valor inferior a US$ 800, que se enquadram na chamada exceção “de minimis” -uma isenção de taxas concedida a importações de baixo valor. Além de passarem a ser taxadas, Trump também impôs uma cobrança de US$ 100 por item postal entre 2 de maio e 1º de junho, e de US$ 200 a partir desta data. Anteriormente, esses valores seriam de US$ 75 e US$ 150, respectivamente.

Segundo jornais americanos, foi a volatilidade do mercado interno e externo, incluindo a liquidação de títulos do Tesouro americano, que levou Trump a recuar nas taxas. O presidente foi alertado por parlamentares sobre o risco de recessão e a queda contínua de Bolsas pelo mundo.

Questionado porque mudou a posição anterior de “não pausar” as tarifas, o republicano afirmou que algumas pessoas estavam ficando “nervosas, assustadas”.

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