No terceiro e último dia da 24ª edição do Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia (CBGG), realizado em Belo Horizonte (MG), além de temas voltados aos tratamentos médicos para a população com 60 anos ou mais, um assunto em alta também ganhou espaço: os influenciadores digitais. O evento é o principal promovido pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Em um mundo cada vez mais conectado, os influenciadores ganharam espaço relevante e ditam tendências. Embora a maioria dos criadores de conteúdo sejam as pessoas mais jovens, a população idosa também tem os seus representantes, como a designer, estilista e influenciadora, Helena Schargel, de 85 anos.

Por mais de 45 anos, Helena desenvolveu estampas e estilos únicos para as roupas que vendia. Após se aposentar, criou uma linha de lingeries voltada para mulheres com mais de 60 anos, da qual também foi modelo.
Com mais de 37 mil seguidores no Instagram, ela conta que criou o perfil de forma despretensiosa há cinco anos, logo após lançar a linha de lingerie, com o objetivo de tirar as mulheres 60+ da invisibilidade e mostrar que a pessoa idosa pode fazer o que quiser.
O trabalho nas redes sociais ganhou corpo e ela passou a ser convidada para dar palestras que incentivam as mulheres. “Essas meninas de 60+ acreditam que tudo acabou, que não há mais nada a ser feito, mas há uma vida inteira ainda. Fico muito feliz em servir de exemplo para todas elas”, comenta.
O conteúdo das redes é gravado uma vez por semana, com posts que mostram as atividades do cotidiano, seus pensamentos e suas parcerias. Para auxiliar o trabalho, ela conta com uma equipe que faz a gestão da página.

Palavra médica
Manter-se ativo é fundamental para a saúde física e mental. “A atividade mental depende muito do interesse, da habilidade e da capacidade de cada pessoa. E dentro desse universo das mídias sociais, a possibilidade de a pessoa idosa se manter mentalmente ativa é grande, fato que é de extrema importância”, explica o geriatra e presidente da SBGG-PR, Dr. Marcos Cabrera.
“No entanto, como tudo na vida em excesso, passar muito tempo conectado também não faz bem à saúde física, pois a pessoa passa a maior parte do tempo sentada olhando para o celular ou computador, aumentando o sedentarismo, e mental, por criar uma certa dependência da internet.”
De acordo com o geriatra, a pessoa idosa pode e deve fazer as atividades que desejar, mas de maneira equilibrada. “Trabalhar, ler, estudar, fazer exercícios físicos. Tudo é possível. Basta encontrar o ponto certo que só terá benefícios”, afirma.