Indústria quer incluir Pix nos cartões de débito e crédito e negocia com BC

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A indústria de cartões trabalha para incorporar o Pix no plástico que já oferta débito e crédito. A iniciativa visa oferecer um terceiro meio de pagamento no mesmo cartão, mas depende do aval do Banco Central.

“O Pix no cartão ajudaria a aumentar o Pix por aproximação. Para o cliente é exatamente igual ao débito, ambos saem do saldo da conta corrente, mas, para o estabelecimento, o Pix é tempo real, enquanto o débito leva de um a dois dias para cair na conta”, afirma Giancarlo Greco, presidente da Elo e da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), nesta terça-feira (1º).

A indústria de cartões já discutiu o Pix no cartão com os bancos e as credenciadoras e está em conversas com o regulador há mais de um ano para desenvolver a nova funcionalidade. Para rodar os pilotos do Pix no cartão, o BC precisa publicar uma norma autorizando a ferramenta, que não está prevista no escopo de desenvolvimento do Pix.

“Recentemente, agora no início do ano, tivemos a chance de sentar com o Banco Central, já com a nova gestão, para falar um pouquinho sobre isso. E o regulador vem analisando minuciosamente não só os aspectos regulatórios, mas também técnicos”, afirmou Greco durante o 18º Cmep (Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento), em São Paulo.

O Pix por aproximação é uma nova funcionalidade desse meio de pagamento, que permite seu uso sem abrir o aplicativo do banco, conectando o celular ou o smartwatch ao terminal de pagamento, como uma maquininha ou outro celular.

“Expandir o Pix por aproximação passa [esbarra] justamente pelo baixo número de celulares, aparelhos celulares, que têm a funcionalidade de aproximação. Por isso falamos tanto de trazer o Pix para o mundo do cartão de plástico, para ajudar nesse processo”, diz Greco.

Segundo dados da Abecs, 73% de todos os pagamentos por aproximação são feitos com cartões.

Já o uso de cartões incorporados nas carteiras digitais atinge apenas 22% dos portadores de cartões, de acordo com informações de dezembro de 2024. Em setembro, eram 18%.

Além de facilitar a transação, o Pix no cartão poderia aumentar a segurança das transações, afirma a Abecs. Além de não ter que abrir o aplicativo do banco, as bandeiras de cartão poderiam desenvolver processos de identificação de fraude com o Pix, como já acontece no débito e crédito.

“Se eu trouxer para essa transação Pix ferramentas que me ajudam a fazer uma transação mais segura e a possibilidade de eu disputar uma transação, aí, talvez, faça sentido eu começar a cobrar uma taxa, mas não é na estrutura que temos hoje e isso precisa ser, de uma certa forma, discutido com muito cuidado para saber como é que eu remunero aquele que vai prover esta solução”, diz Greco.

Há a possibilidade de que o estabelecimento ou o emissor do cartão paguem por essa solução.

Atualmente, pagamentos por Pix envolvendo pessoas jurídicas podem gerar uma cobrança dos bancos.

As tarifas variam de acordo com a instituição e o cliente.

FRAUDES COM CARTÕES CAEM EM 2024

Segundo a Abecs, as fraudes com cartões caíram 18% em 2024, em relação ao ano anterior, considerando o volume das transações. Considerando a quantidade de transações, houve uma queda de 15% nas fraudulentas.

No total, o volume de transações com cartões subiu 10,9% no ano passado, para R$ 4,1 trilhões. Na média, foram 125 milhões de pagamentos com cartões por dia.

O parcelado sem juros correspondeu a 41% das operações com cartão de crédito, somando R$ 1,3 trilhão.

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