Hamas dispara foguetes contra Tel Aviv em resposta a bombardeios mortais de Israel em Gaza

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O Hamas afirmou que lançou foguetes contra Tel Aviv nesta quinta-feira (20) em resposta ao crescente número de civis palestinos mortos após a retomada das operações militares de Israel em Gaza esta semana.

O Exército israelense proibiu, pela manhã, a circulação na principal estrada que vai do norte ao sul de Gaza, após ter iniciado no dia anterior “operações terrestres seletivas” no território palestino.

Segundo a agência da Defesa Civil do território, pelo menos 504 pessoas, incluindo 190 crianças, morreram em Gaza desde que Israel retomou as operações na madrugada de terça-feira.

Israel afirmou, nesta quinta-feira, que matou o chefe da agência de segurança interna do Hamas, Rashid Jahjun, em um bombardeio em Gaza. Também pediu aos habitantes da região de Bani Suheila, no sul, que evacuassem suas casas antes de um bombardeio.

“As organizações terroristas estão retornando às áreas povoadas para disparar foguetes”, disse o porta-voz do Exército Avichay Adraee, justificando o chamado, que ocorreu depois que o braço armado do Hamas assumiu a responsabilidade pelo disparo de três foguetes contra Israel.

As Brigadas Ezedin al Qasam anunciaram ter disparado foguetes contra Tel Aviv em resposta ao “massacre de civis” cometido, segundo elas, por Israel em Gaza.

O Exército israelense informou logo depois que interceptou um projétil disparado da Faixa de Gaza e outros dois que caíram em áreas despovoadas.

– “Indefesos” –

Esta semana, Israel realizou sua onda mais mortal de bombardeios desde o início da trégua em 19 de janeiro. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, alertou que isso era apenas “o começo” e que a pressão militar era “indispensável” para garantir a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas.

Esses ataques massivos quebraram a relativa calma após quinze meses de guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que devastou este estreito território palestino, governado pelo movimento islamista.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas, 58 permanecem em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.

Os recentes ataques em Gaza, realizados em “total coordenação” com os Estados Unidos, segundo Israel, provocaram indignação nos países árabes, no Irã e na Europa.

A Casa Branca garantiu, nesta quinta-feira, que o presidente dos EUA, Donald Trump, “apoia totalmente” a retomada das operações militares israelenses em Gaza.

No Hospital Indonésio, no norte de Gaza, grupos de famílias lamentavam a morte de seus parentes e seguravam seus mortos envoltos em mortalhas manchadas de sangue.

“Queremos um cessar-fogo”, implorou Mohamed Hussein à AFPTV, pedindo à comunidade internacional que interrompa os bombardeios.

“Somos palestinos indefesos!”, acrescentou.

– “Provações desumanas” –

Uma autoridade de alto escalão do Ministério do Interior do Hamas disse à AFP, nesta quinta-feira, que o Exército israelense fechou, no dia anterior, a Travessia dos Mártires, conhecida como Netzarim pelos israelenses, a principal passagem entre a Cidade de Gaza e o sul do território.

Vários tanques israelenses foram mobilizados nesta travessia “após a retirada das forças especiais de segurança dos EUA ontem (quarta-feira)”, acrescentou ele, referindo-se aos guardas de segurança particulares mobilizados em fevereiro, depois que o Exército israelense se retirou como parte do acordo de trégua.

A primeira fase da trégua, que expirou em 1º de março, permitiu o retorno a Israel de 33 reféns, oito deles mortos, e a libertação de cerca de 1.800 detidos palestinos.

Desde então, as negociações mediadas por Catar, Estados Unidos e Egito estagnaram.

O Hamas quer passar para a segunda etapa do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada israelense de Gaza, a reabertura de passagens de fronteira para ajuda humanitária e a libertação dos reféns restantes.

No entanto, Israel quer que a primeira fase dure até meados de abril e, para passar à segunda, exige a “desmilitarização” de Gaza e a retirada do Hamas, que governa o território desde 2007.

Como medida de pressão, Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária e cortou o fornecimento de energia elétrica ao território sitiado, onde estão aglomerados cerca de 2,4 milhões de palestinos, e não descarta retomar a guerra caso o Hamas não ceda.

O chefe da Agência da ONU para Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, lamentou nesta quinta-feira “a incessante execução das mais desumanas provações” contra a população de Gaza.

O ataque do Hamas em 7 de outubro deixou 1.218 mortos do lado israelense, que lançou uma ofensiva de retaliação que resultou em pelo menos 49.617 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

© Agence France-Presse

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