A realidade precária dos banheiros públicos no DF

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Por Daniel Xavier
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Os banheiros públicos do Distrito Federal enfrentam uma realidade alarmante de abandono e precariedade. Em diversas regiões da cidade, o estado desses espaços tem gerado desconforto tanto para moradores quanto para visitantes. Na tarde da quarta-feira,19, o Jornal de Brasília conversou com moradores e frequentadores de áreas como a Orla da Concha Acústica ao lado da Vila Planalto  e o Taguaparque em Taguatinga , que destacaram problemas como vandalismo, falta de iluminação, ausência de sabonetes, vasos sanitários danificados e portas enferrujadas, além da evidente falta de limpeza. A população clama por melhorias e espera que as autoridades tomem providências urgentes.

A Orla da Concha Acústica, é um dos locais mais afetados por essa situação. Com grande potencial turístico e uma localização privilegiada às margens do Lago Paranoá, a área, que já foi um ponto de encontro vibrante para moradores e turistas, enfrenta sérios problemas estruturais. Vantuil Santana, morador da Vila Planalto há 57 anos e presidente da Associação de Moradores, relata a deterioração dessa orla central da cidade. “Essa orla, que antigamente contava com quiosques, banheiros e até música ao vivo, hoje está sem nenhuma infraestrutura básica. A população e os turistas não têm acesso adequado, principalmente nos finais de semana, quando o local está bastante movimentado”, comenta Vantuil. 

Segundo ele, a falta de banheiros, áreas de lazer e segurança tem prejudicado o potencial turístico e o bem-estar dos frequentadores. Além disso, Vantuil destaca que a situação se agrava pela ausência de policiamento e de bombeiros, o que torna o local ainda mais vulnerável. Ele explica que já procurou o governo e até a vice-governadora, solicitando uma reunião para discutir a revitalização do local. “A população carente, que não tem acesso a clubes ou outras áreas de lazer, acaba indo para a orla em busca de um espaço gratuito. Isso apenas reforça a necessidade de uma reforma e de melhorias urgentes”, conclui Vantuil.

Em fevereiro do ano passado, o espaço recebeu uma nova área de lazer, com investimento de 8 milhões de reais. A obra fez parte de um convênio entre a Secretaria de Cultura e Economia Criativa – Secec e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap, visando à construção de calçamento, ampliação da rede de drenagem, dentre outros serviços. No entanto, os banheiros refletem outra situação. O Jornal de Brasília procurou a Novacap para esclarecimentos,  ela destaca que não atua na manutenção diária de banheiros públicos do Distrito Federal. A  Companhia destaca que pode atuar após ser solicitada pelos órgãos competentes, em reformas, construções e manutenções, após elaboração, aprovação de projetos e disponibilização de recursos para a execução dos serviços.

A visão de um comerciante

Marcelo Garcia da Silva, comerciante da Orla da Concha Acústica, também compartilha sua visão sobre a situação precária da infraestrutura local. Ele explica que, além da falta de banheiros adequados, o local carece de assistência básica, como segurança e presença de policiamento, o que tem afetado diretamente o fluxo de turistas e a qualidade do lazer para os frequentadores. “Hoje, os turistas vêm, mas vão embora rapidamente devido à falta de estrutura. O local está sem reformas, com o cais danificado e até interditado pela Defesa Civil”, afirma Marcelo. Ele acredita que, com a revitalização do espaço, seria possível atrair mais turistas e melhorar a experiência tanto para os visitantes quanto para os moradores da região.

A situação de abandono não se limita à Orla da Concha Acústica. Em Taguatinga, os banheiros públicos do Taguaparque também enfrentam sérios problemas. Andreia Santos, moradora de Taguatinga há 15 anos, costuma frequentar o parque todos os dias com seu cachorro e compartilha sua indignação. “Os banheiros estão em péssimas condições, com marcas de vandalismo, falta de iluminação, sabonetes e até tampas nos vasos sanitários. O banheiro dos deficientes, por exemplo, nem pia tem”, lamenta Andreia. Ela ainda acrescenta que a falta de segurança nos banheiros é um grande problema, principalmente para as mulheres. “As portas não têm chaves e, por isso, alguém precisa ficar vigiando o tempo todo. Isso é inaceitável, principalmente em um ambiente que deveria ser familiar e seguro”, diz Andreia, cobrando uma reforma urgente por parte do governo.

A Administração Regional de Taguatinga – RA Taguatinga reconhece os problemas relatados e informa que realiza manutenção constante nos banheiros do Taguaparque, tanto na limpeza quanto na infraestrutura. No entanto, devido ao mau uso e atos de vandalismo, o local tem sofrido deterioração com frequência. Em resposta às reclamações, a Administração informou que uma equipe será enviada para realizar os reparos necessários o mais breve possível, com o objetivo de garantir melhores condições para os usuários do parque.

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