Aprovação de Lula entre mulheres cai para 21%

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A avaliação positiva de Lula entre as mulheres atingiu o pior nível desde o início do terceiro mandato. A porcentagem de eleitoras que consideram o governo ótimo ou bom caiu de 45% em janeiro de 2023 para 21% agora, uma redução de 24 pontos porcentuais em pouco mais de dois anos.

Atualmente, 37% das mulheres avaliam o trabalho de Lula como ruim ou péssimo, mesmo porcentual dos que o consideram regular. Os dados são da pesquisa PoderData, realizada entre 15 e 17 de março, e divulgada nesta quarta-feira, 19.

A pesquisa de janeiro já indicava uma acentuação na queda da avaliação positiva entre as mulheres, com 24% de aprovação e 37% de reprovação. Foram feitas 2,5 mil entrevistas, em 198 municípios de todas as unidades federativas. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Foto: Reprodução/Poder360

Para garantir a representatividade da amostra por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData afirma fazer dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, são feitas mais de 100 mil ligações até encontrar os entrevistados que representam fielmente a população.

Petista acumula sequência de falas consideradas machistas ou misóginas

Lula tem acumulado uma série de declarações controversas, muitas delas consideradas machistas ou misóginas. No último dia 12, o petista disse que colocou uma “mulher bonita” para melhorar a articulação política do governo. Ele se referia à ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann.

A fala teve repercussão negativa, mas Lula foi defendido por aliados, inclusive por Gleisi, que alegou que “gestos são mais importantes do que palavras” e chamou os críticos de “oportunistas”.

Em janeiro, Lula gerou polêmica ao se declarar um “amante da democracia” durante um evento no Palácio do Planalto. Ele fez uma comparação explícita entre seu alegado amor pelo regime democrático e um relacionamento adúltero, ao dizer que amantes seriam mais amadas do que as mulheres casadas.

Em seu terceiro mandato, Lula proporcionou uma série de outros episódios de falas consideradas preconceituosas de algum modo.

Em fevereiro de 2024, por exemplo, ele disse, em referência a uma mulher negra: “Essa menina bonita que está aqui… Eu estava perguntando: ‘O que é que faz essa moça sentada? O que é que faz essa moça sentada que eu não ouvi ninguém falar o nome dela?’. Eu falei: ‘Ela é cantora. Ela vai cantar’. Aí perguntei: ‘Não, não vai ter música. Então ela vai batucar alguma coisa? Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor’”.

Já em abril do ano passado, o petista comentou sobre a então ministra da Saúde, Nísia Trindade: “Eu disse para a Nísia que ela tinha que falar grosso na questão da saúde. Estava aquele problema dos hospitais do Rio de Janeiro. E a Nísia respondeu para mim o seguinte: “presidente, eu não posso falar grosso, porque eu sou mulher, eu falo manso”.

Em julho, ele fez uma declaração atravessada sobre violência contra as mulheres. “Hoje eu fiquei sabendo de uma notícia triste. Eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de um jogo de futebol aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu, mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente.”

Em outubro, durante a campanha para prefeito de São Paulo, Lula disse ao candidato Guilherme Boulos (Psol-SP): “Se você puder, dedique tempo especial para falar com a mulher brasileira, porque ela é vítima, é ela que cuida do marido, dos filhos, da casa, inclusive da geladeira. É a mulher que sabe as coisas que tem dentro da geladeira”.

Mais recentemente, em fevereiro, Lula falou que “as mulheres estão ficando inteligentes e deixando de ser escravas de maridos”.

Revista Oeste

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