No baú das fotos

Até mesmo quando você, involuntariamente, se depara com seu baú de velhas e enferrujadas fotos de velhos e esquecidos tempos. Foi o que aconteceu comigo, ontem à tarde. Deparei-me com fotos do meu tempo de solteiro, com grupo de amigos cujos nomes nem me lembro mais. São tantos que me emocionaram. E tudo que originou as fotos foi um dos tempos mais ricos de minha juventude. Eu morava em São Miguel Paulista, em São Paulo. Um dos amigos incentivou-me a praticar judô, no Clube de Regatas Nitro Química. Eu era solteiro, mas já namorava uma garota lindinha e maravilhosa. Só que ela morava em Copacabana, no Rio de Janeiro. E eu morava em São Miguel Paulista, em São Paulo. Minha ida, a cada quinze dias, ao Rio, dificultava meus treinamentos em São Paulo. Mas mesmo assim encarei. E não é que deu certo?

Olhando as fotos do baú, senti saudade dos velhos tempos. Olhei algumas das fotos com minha cara daqueles tempos e fiquei em dúvida: será que sou eu? Mas as fotos do Natal, depois do casamento, me fizeram voltar à razão. As fotos eram do Natal de 1958, quando nos casamos: Eu e a Salete, ainda uma garotinha lindinha e maravilhosa. Aí a emoção me dominou. As fotos eram realmente diferentes. Passei a olhar as fotos do Clube, sobretudo dos colegas no Judô. Eram tantos e me envergonhei em não me lembrar mais dos seus nomes. Só me lembrei dos prenomes, do Mestre, que era Roberto, e do amigo que me convenceu para a participar, o Moacir. É muito bom termos motivos para nos lembrar de velhos tempos passados, que não devem ser esquecidos.

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Quando nos casamos resolvi mudar de endereço. Fomos morar na “Vila Maria Alta” que fica muito distante de São Miguel. Foi aí que a coisa pegou. No primeiro dia de casado, descobri que a garotinha de Copacabana, tudo que sabia fazer, na cozinha, era fritar ovos. Foi aí também que comecei a dar meu jeito. Até o dia em que ela, ingenuamente, sem nenhum propósito, queimou meus sapatos. E tive que pegar o ônibus com os pés cobertos para ninguém ver meus sapatos queimados. Fico te devendo essa. Mas, logo mais, te contarei como o caso aconteceu. Foi realmente hilário. Mas você nem imagina o quanto me senti feliz, lembrando-me de tudo isso e muito mais, olhando as velhas fotos daquela época em que tudo foi diferente. Daqui a pouco vou mostrar as fotos para a Salete, para ver se ela se reconhece, como a esposa recente, de um cara feiinho e chato pra dedéu. Mas não acredito que ela se reconheça. Mas ela é carinhosa, vai entender meu drama. Pense nisso.

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99121-1460

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