Ednaldo candidato único na CBF:  o poder que nunca muda de mãos

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A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é um verdadeiro castelo blindado, onde o poder não se dissipa – apenas se recicla. Quem comanda a entidade muda de nome, mas a estrutura segue inalterada. Por décadas, os presidentes da CBF foram figuras poderosas e inatingíveis, eleitos e reeleitos em um esquema que garante continuidade absoluta. Agora, Ednaldo Rodrigues assume seu lugar nesse ciclo vicioso, consolidando-se como o novo rosto de um sistema que já pertenceu a Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero – todos eles, no fim, engolidos por escândalos e problemas com a Justiça.

A história se repete. Teixeira mandou e desmandou no futebol brasileiro por mais de duas décadas, sustentado por um jogo político impenetrável. Quando caiu, Marin assumiu e manteve tudo como estava, até ser preso pelo FBI no escândalo de corrupção da FIFA. Marco Polo Del Nero seguiu o mesmo roteiro e foi banido do futebol. Mas o jogo do poder nunca se desfez, apenas encontrou novos jogadores.

Agora, é Ednaldo Rodrigues quem ocupa a cadeira mais poderosa do futebol nacional. Há pouco mais de um ano, ele chegou a ser destituído da presidência da CBF, mas, com habilidade política e influência nos bastidores, conseguiu reverter a situação e recuperar o comando, em um embate que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). De volta ao leme, Ednaldo consolida sua permanência como candidato único na eleição para a presidência da CBF.

Se alguém ainda duvidava da blindagem que protege os dirigentes da entidade, basta olhar para o caso de Ronaldo Fenômeno. O ex-jogador, ídolo incontestável do futebol mundial, cogitou disputar a presidência da CBF. Mas, ao tentar dialogar com os presidentes das federações estaduais – figuras-chave no processo eleitoral –, Ronaldo percebeu que a bolha do poder é intransponível. Nenhum deles sequer aceitou uma conversa com o ex-atacante. Não era sobre votos, era sobre diálogo, mas nem isso lhe foi concedido. Foi a confirmação do que já se sabia: só entra no jogo quem faz parte dele.

Agora, com Ednaldo Rodrigues como candidato único, fica claro que ninguém ousa enfrentá-lo. O sistema se protege, se fortalece e segue em frente, alheio ao que acontece no futebol brasileiro. A Seleção vai mal, a organização do esporte está longe do ideal, mas nada disso importa. O poder na CBF continua nas mesmas mãos – apenas muda de rosto de tempos em tempos.

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