Mas afinal, o que é Psicoterapia Analítico-Comportamental? (Parte II)

coluna

Por: Nathalie Nunes Freire Alves – CRP 01/14010

A abordagem analítico-comportamental se consolidou no Brasil como uma aplicação dos princípios da análise do comportamento enquanto ciência e da aprendizagem pelo modelo da seleção por consequências. Assim como no modelo de seleção das espécies de Darwin, certos comportamentos surgem, são selecionados e mantidos ao longo da história de vida de cada indivíduo.

Como discutimos na coluna anterior, o psicoterapeuta analítico-comportamental fundamenta suas análises e intervenções em princípios científicos bem estabelecidos e na filosofia do behaviorismo radical de B. F. Skinner.

Quem sou eu?

O psicoterapeuta analítico-comportamental considera a subjetividade e a individualidade de seus clientes, baseando suas intervenções no modelo da seleção por consequências e na multideterminação do comportamento. Isso significa que diversos aspectos da história de vida de cada pessoa são levados em conta, incluindo interações sociais (familiares, educacionais, políticas, religiosas), histórico de saúde, uso de medicamentos, desenvolvimento cognitivo e motor, além de aspectos éticos, estéticos e genéticos. Todos esses elementos influenciam os padrões comportamentais atuais.

Por que buscar ajuda?

Na clínica, os clientes procuram ajuda por diferentes razões: alguns buscam conforto e acolhimento, enquanto outros querem ampliar o autoconhecimento e compreender aspectos importantes de sua vida, sejam recentes ou passados. Há quem busque aceitação — de si mesmo, de seus pensamentos e ações. Alguns querem encerrar relacionamentos, outros querem descobrir se devem continuar casados. Ansiedade, depressão, dificuldades no dia a dia, mudanças de hábitos alimentares… Os motivos são muitos.

Nosso papel, além de acolher essas queixas, é criar condições para promover transformação. E toda transformação exige mudança.

Mas mudar dá trabalho!

Sim, mudar significa alterar comportamentos que, muitas vezes, foram repetidos por anos. Como na seleção natural, alguns comportamentos se mostram mais adaptativos e tendem a permanecer. Nossas falas, trejeitos, manias, forma de trabalhar, estudar, se divertir e se relacionar surgiram porque, em algum momento, funcionaram para nós. Até que deixam de funcionar.

Se você está sofrendo ou percebe que suas ações estão gerando sofrimento para os outros, talvez seja hora de mudar.

O papel do psicoterapeuta analítico-comportamental

O psicoterapeuta analítico-comportamental busca compreender como certos comportamentos foram estabelecidos e mantidos ao longo do tempo. Junto ao cliente, ele constrói uma relação profissional que permite investigar como a pessoa aprendeu a agir, pensar e sentir da maneira que o faz — e, principalmente, como criar novas condições para mudanças futuras.

Por meio da análise funcional, terapeuta e cliente identificam os contextos nos quais certos comportamentos ocorrem e suas consequências a curto e longo prazo. Esse processo promove autoconhecimento e ajuda o cliente a entender o que mantém seus padrões de comportamento e os efeitos que eles geram para si e para os outros.

O papel do cliente

A psicoterapia não é um processo passivo. A análise funcional permite ao cliente refletir sobre suas ações e buscar soluções, assumindo um papel ativo na mudança. O terapeuta auxilia na identificação de novos repertórios comportamentais, substituindo padrões antigos por comportamentos mais adaptativos, socialmente aceitos e que reduzam o sofrimento. O objetivo é promover mudanças significativas e positivas na vida do cliente.

Até a próxima!

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