Entenda o impacto de possível aquisição da Versace pela Prada para o mercado de luxo no Brasil

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A indústria do luxo entrou em movimentação com a informação de possível aquisição da Versace pela Prada SpA (responsável pelas marcas Prada, Miu Miu, Church´s e Car Shoe) durante esta semana. A negociação estaria na casa de 1,5 bilhão de euros. Atualmente, a Versace faz parte do portfólio de marcas da Capri Holdings, que faturou R$ 5 bilhões em 2023. Caso a aquisição se concretize, acordo poderá ser assinado até o fim deste mês.

Os principais conglomerados do mercado de luxo contemplam as seguintes marcas: LVMH (controla mais de 70 marcas de luxo, incluindo Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, Givenchy, Céline, Bulgari, Marc Jacobs, entre outras); Kering (Gucci, Saint Laurent, Balenciaga, Alexander McQueen, entre outras); Richemont (Cartier, Van Cleef & Arpels, Chloe, Dunhill, Montblanc, entre outras); Capri Holdings (além da Versace, possui Michael Kors e Jimmy Choo), Hermés (única marca do grupo), entre outras.

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Fernando Canutto é especialista em Direito EmpresarialCrédito Divulgação M2 Comunicação Jurídica

Embora grupos como a LVMH, por si só, já dominam uma forte fatia do mercado mundial de luxo, de que forma a aquisição da Versace pela Prada pode representar no mercado brasileiro de luxo? Na visão de Gustavo Biglia, sócio do Ambiel Advogados e especialista em Direito Societário, o movimento indica uma aceleração na consolidação do setor, fortalecendo a competição com conglomerados como LVMH e Kering, que já dominam grande parte do mercado global.

“Uma transação dessa magnitude poderia também servir de alerta para outras marcas independentes, que passariam a buscar estratégias para permanecer competitivas ou até mesmo se tornarem alvos desejáveis para aquisição. No Brasil, isso poderia influenciar diretamente a dinâmica de M&A no segmento de luxo e premium, incentivando investidores a consolidar marcas locais para disputar espaço internacionalmente”, explica.

Na mesma linha, o advogado Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Societário, também entende que uma aquisição dessa magnitude pode fazer com que marcas brasileiras podem se tornar alvos atraentes para aquisição, levando em consideração seu potencial de expansão e a crescente demanda por produtos de luxo no mercado interno.

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Gustavo Biglia é especialista em Direito SocietárioCrédito Divulgação M2 Comunicação Jurídica

“Empresas nacionais podem buscar aprimorar suas operações e governança corporativa para se tornarem mais competitivas e atraentes para possíveis investidores ou parceiros internacionais”, vislumbra o especialista, reforçando que investidores estrangeiros podem perceber o mercado brasileiro de luxo como um terreno fértil para M&A, especialmente se identificarem marcas locais com potencial de crescimento ou sinergias estratégicas.

Exemplo disso foi o caso do grupo Soma, que há um ano, se uniu a Arezzo para uma das fusões mais comentadas do mercado de moda nacional, com faturamento combinado de R$ 12 bilhões. A operação, que envolveu marcas icônicas como Animale, Farm, Schutz e Reserva, visava fortalecer a presença no varejo de moda e lifestyle, consolidando um dos maiores conglomerados do setor no Brasil. Entretanto, os especialistas alertam sobre a diferença fundamental entre fusão e aquisição, encontrada no grau de integração entre as empresas envolvidas.

“Uma fusão ocorre quando duas empresas se unem para formar uma nova entidade, resultando em uma troca de ações e uma reestruturação completa da governança e das operações. Já a aquisição acontece quando uma empresa compra outra, assumindo o controle sem necessariamente criar uma nova empresa. No fundo, a distinção vai além da estrutura jurídica e se reflete na narrativa que cada operação adota: enquanto as fusões costumam ser apresentadas como uma união equilibrada, as aquisições normalmente envolvem uma parte dominante absorvendo a outra. Muitas vezes, fusões são apenas aquisições disfarçadas para amenizar o impacto sobre funcionários, acionistas e mercado”, conclui Biglia.

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